Nada
melhor que as refrescantes águas de março, que esfriam nossa cabeça para
enfrentar mais um ano de luta no doutorado...
(Composta por Tom Jobim em março de 1972)
É pau, é pedra, é o
fim do caminho
É um resto de toco, é
um pouco sozinho
É um caco de vidro, é
a vida, é o sol
É a noite, é a morte,
é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o
nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita
Pereira
É madeira de vento,
tombo da ribanceira
É o mistério profundo,
é o queira ou não queira
É o vento ventando, é
o fim da ladeira
É a viga, é o vão,
festa da cumueira
É a chuva chovendo, é
conversa ribeira
Das águas de março, é
o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a
marcha estradeira
Passarinho na mão,
pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é
uma ave no chão
É um regato, é uma
fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o
fim do caminho
No rosto o desgosto, é
um pouco sozinho
É um estrepe, é um
prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é
uma conta, é um conto
É um peixe, é um
gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o
tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é
o fim da picada
É a garrafa de cana, o
estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é
o corpo na cama
É o carro enguiçado, é
a lama, é a lama
É um passo, é uma
ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na
luz da manhã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
É uma cobra, é um pau,
é João, é José
É um espinho na mão, é
um corte no pé
São as águas de março
fechando o verão,
É a promessa de vida
no teu coração
É pau, é pedra, é o
fim do caminho
É um resto de toco, é
um pouco sozinho
É um passo, é uma
ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é
uma febre terçã
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração
Pau, pedra, fim,
caminho
Resto, toco, pouco,
sozinho
Caco, vidro, vida,
sol, noite, morte, laço, anzol
São as águas de março
fechando o verão
É a promessa de vida
no teu coração.
“Águas
de Março” na voz da eterna Elis Regina e Tom Jobim expressa o momento em que estou avaliando qual é a melhor maneira para alcançar meus
objetivos. É um momento onde estou dando mais valor a mim mesma. E a pesquisa
como vai?
Se hoje a
presença das mulheres em instituições científicas não é novidade, mas isso não
significa que as desigualdades de gênero tenham sido superadas.
Segundo
o censo do IBGE, o Brasil tem uma população estimada em 190 milhões de pessoas,
sendo majoritariamente feminina. 51% da população é composta por mulheres, ou
seja, quatro milhões de mulheres a mais que homens. Tem um nível de
escolaridade superior ao dos homens e já observa uma queda no índice de
analfabetismo. Estão próximas de alcançar os 50% da população economicamente
ativa, chefiam 1/3 das famílias brasileiras e
continuam recebendo menos que os homens pelo mesmo trabalho realizado.
Minha pesquisa tem como objetivo entender como a participação feminina
se deu nos anos recentes, particularmente, no campo da saúde. E a Fiocruz é,
seguramente, um campo fértil para empreender discussões dessa natureza.
A
opção por trabalhar somente com a titulação de doutorado se deve ao fato desta
ser uma credencial mínima para obter financiamentos públicos de pesquisa.
Dados
preliminares obtidos na Direh mostram uma predominância de pesquisadores
doutores mulheres, um contingente que dobrou de tamanho nos últimos vinte
quatro anos, período esse que cobre a realização de quatro concursos públicos,
entre 1998 e 2010.
Já comecei a elaborar a parte teórica da pesquisa e
também a coleta nos currículos Lattes dos pesquisadores doutores da Fiocruz,
com dados em torno de 1059, sendo 647 mulheres. Coletar, analisar e extrair informações valiosas de dados
demanda tempo e dedicação.
FIM