quarta-feira, 11 de março de 2015

III SEMINÁRIO MULHERES FAZENDO CIÊNCIA


Dilma sanciona lei que torna hediondo o crime de feminicídio

Em cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff sancionou, nesta segunda-feira (9), a lei que agrava pena de homicídios cometidos contra mulheres por motivo de discriminação de gênero ou violência doméstica.
 A chamada Lei do Feminicídio prevê penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão.
A lei foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (3) e inclui o crime de assassinato de mulheres por razões de gênero entre os tipos de homicídios qualificados. O texto também aumenta, de um terço até a metade, a pena se o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses posterior ao parto.
Também são considerados agravantes o homicídio de mulheres menores de 14 anos ou acima de 60 anos, pessoa com deficiência ou se cometido na presença de descendente ou ascendente. A classificação como crime hediondo impede a fiança e dificulta a progressão de regime de condenados.
Em uma pesquisa realizada em 2013, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) constatou que o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios entre 2009 e 2011, o que indica uma taxa de 5,8 casos para cada 100 mil mulheres.
Segundo dados da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), 68% dos crimes desse tipo são cometidos dentro da residência das mulheres. Para Dilma, é preciso mudar o ditado popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. 
“Em briga de marido e mulher, nós achamos que se mete a colher, sim, principalmente se resultar em assassinato”, disse. “Meter a colher nesse caso não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais, éticos e democráticos. E o estado brasileiro deve meter sim, a colher.

FELIZ DIA DA MULHER

 




1. Marie Curie:

Marie Curie (Varsóvia, 7 de Novembro de 1867 — Passy, Sallanches, 4 de Julho de 1934) foi uma cientista polonesa que exerceu a sua atividade profissional na França. Foi a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com um Prêmio Nobel, de Física, em 1903 (dividido com seu marido, Pierre Curie, e Becquerel) pelas suas descobertas no campo da radioatividade (que naquela altura era ainda um fenômeno pouco conhecido) e com o Nobel de Química de 1911 pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio .

2. Jane Goodall:

É uma primatóloga, etóloga e antropóloga britânica.
Estudou a vida social e familiar dos chimpanzés (Pan troglodytes) em Gombe, Tanzânia, ao longo de 40 anos. Os seus estudos contribuíram para o avanço dos conhecimentos sobre a aprendizagem social, o raciocínio e a cultura dos chimpanzés selvagens. É mensageira da paz das Nações Unidas, fundou o Jane Goodall Institute e é afiliada ao grupo defensor dos animais Humane Society of the United States.O seu trabalho é reconhecido e já foi homenageada em muitas ocasiões com honrarias acadêmicas diversas e prêmios científicos.

3.Annie Jump Cannon:

Astrônoma estadunidense, foi a primeira mulher a receber o grau de doutor honoris causa da University of Oxford. Graduou-se na universidade de Wellesley (1884) onde aprendeu espectrometria. Depois estudou ciência, ensinou física e, com a morte do pai, voltou a estudar astronomia, desta vez em Radcliffe, onde se tornou expert no campo da fotografia. Por esse motivo viajou pela Europa e participou dos primeiros experimentos de raios X nos Estados Unidos (1896). Foi assistente de Edward Pickering, diretor do Harvard College Observatory (1897-1911), onde foi curadora de fotografias. Foi responsável pela descoberta fotográfica de 5 novas e 300 outras estrelas. Tornou-se conhecida por desenvolver um sistema de classificação de estrelas por seu espectro e compilar uma bibliografia de 200.000 referências sobre estrelas. Com Edward Pickering publicaram o The Henry Draper Catalogue original, um total de 9 volumes (1918-1924), onde catalogou mais de 225.300 estrelas, classificadas por seu espectro estelar, que ainda hoje é aceito como um padrão internacional. Esse catálogo, mais tarde, foi expandido por Cannon e Margaret W. Mayall (1949). Seu trabalho prolongou-se por mais de quarenta anos, durante os quais as mulheres foram ganhando espaço como cientistas. Morreu em Cambridge, Massachusetts, e além do pioneiro doutorado honorário em Oxford, também foi a primeira mulher diretora da American Astronomical Society, e a primeira mulher doutora em astronomia pela universidade de Gronigen, Holanda (1921). Foi eleita uma das doze mulheres vivas mais prestigiadas do planeta (1923) e ganhou o prêmio Draper da Nacional Academy Sciences, USA (1931).

4. Shirley Ann Jackson:

Doutora Shirley Ann Jackson, a primeira mulher negra a obter um doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Física Nuclear. Em 1995, ela foi indicada como presidente da Comissão Nuclear Regulatória e atualmente é Presidente do Instituto Politécnico Rensselaer. Ela é a presidente mais bem paga em faculdade privada dos EUA. Por que eles a pagam tanto? Aqui está uma citação do Instituto Politécnico Rensselaer: ‘Seus feitos falam por si mesmos. A presidente do Rensselaer, Shirley Ann Jackson, é uma líder extraordinária e levou o Instituto por uma longa década de transformação, com investimentos em estudantes, faculdades, pessoal, programas educacionais e melhorias no campus. Ela é uma visionária que possui liderança e habilidades organizacionais para conseguir que as coisas sejam feitas.’”

5.Hypátia

No longínquo ano de 355 (ou talvez 370, não existem certezas), nasceu na cidade de Alexandria a notável Hypatia. Filha de Téon, professor e último diretor da Biblioteca de Alexandria.
Hypatia acabou por exceder tudo e todos e tornar-se, na sua época, num dos nomes mais respeitados da matemática, astronomia e filosofia. Entre os seus feitos incluem-se o aperfeiçoamento do astrolábio – um instrumento que mil anos depois ajudaria os portugueses a conquistar o globo pelos mares –, assim como um conjunto de textos nos quais explica, com extraordinária simplicidade, algumas das grandes (e complexas) ideias científicas e filosóficas do classicismo helénico. Para esta mulher, o conhecimento devia ser acessível a todos.
Dotada de uma oratória capaz de provocar dor de cotovelo a Winston Churchill, tornou-se professora de muitos jovens oriundos de famílias abastadas.
Acusada em praça pública de ir contra os costumes morais daquilo que devia ser uma boa mulher temente a Deus, a cientista e filósofa foi igualmente acusada de ser uma bruxa, uma consequência infeliz de se ter profundos conhecimentos de astronomia e matemática numa época em que a ignorância grassava como se fosse a peste negra. Eis como acabou por tornar-se num alvo a abater pela turba dos fundamentalistas.
A tragédia é inevitável. Enquanto Hypatia circulava de carruagem pela cidade, uma milícia de fanáticos cristãos captura-a, arrastando-a pelo chão poeirento até uma das suas igrejas. No interior do santuário, a cientista é despida por mãos furiosas e cruelmente apedrejada até à morte. Insatisfeitos com a barbaridade, esfolam-na com lascas de vasos de cerâmica, arrancam-lhe os membros e lançam os seus pedaços a uma fogueira.

6. Irmã Mary Kenneth Keller:

A Irmã Mary Kenneth Keller foi a primeira mulher de nacionalidade norte-americana a ter um doutorado em Ciências da Computação, consentido em 1965 na Universidade de Wisconsin-Madison. A sua tese tinha como título “Inferência indutiva dos modelos gerados pelo computador”. Estudou também na Dartmouth College, trabalhando no centro de ciências de computação no Instituto - mesmo na época sendo reservado aos homens -, onde ajudou a desenvolver a linguagem BASIC. O Dartmouth College mudou as regras que baniam as mulheres do seu centro de computação, permitindo-lhes ajudar e desenvolver a linguagem BASIC. Antes disso apenas matemáticos e cientistas podiam escrever o custom software. O BASIC deixou o uso do computador acessível a uma faixa muito mais ampla da população. A Irmã Mary Keller queria fornecer o acesso à informática a qualquer um, não somente aos estudiosos de computador, e sonhava com um mundo no qual os computadores tornariam as pessoas mais inteligentes, ajudando-as também a pensar por si.

O feminino na ciência

Bob Sousa 


By Denio Maues in Edição 61, Teatro on fevereiro 28, 2015 
 
Peça de teatro sobre quatro cientistas (Hipácia de Alexandria, Rosalind Franklin, Marie Curie e Bertha Lutz) reflete sobre o espaço da mulher na ciência brasileira e mundial − Ser nota de rodapé na história foi, por muito tempo, o destino das mulheres cientistas, diz uma voz masculina, sem mostrar seu rosto, na peça teatral Insubmissas, do grupo paulista Arte Ciência no Palco. Ao ouvir a afirmação, uma das personagens, Rosalind, reage de maneira furiosa à voz: − Mulheres cientistas? Sou mulher e cientista. Mulher cientista parece atração de circo. Bertha, outra personagem da peça, complementa a frase de Rosalind, em alto e bom som: − Não somos uma espécie diferente de humanos. Os diálogos acima são ficcionais, mas as personagens retratam cientistas reais: a primeira é a física inglesa Rosalind Franklin (1920-1958), que realizou trabalhos empíricos com o DNA. A segunda é a bióloga brasileira Bertha Lutz (1894-1976), especialista na área de anfíbios e também referência na luta pelos
 direitos das mulheres.  

Além de Rosalind e Bertha, Insubmissas retrata também outras duas cientistas, Hipácia (ou Hipátia) de Alexandria (370-415 d.C.) e a franco-polonesa Marie Curie (1867-1934). Ao jogar luz sobre a participação dessas mulheres no desenvolvimento da ciência, a peça expõe um incômodo contraponto: a não rara contribuição masculina para dificultar ou mesmo impedir essa atuação. Esse foi um dos motivos que levaram o autor da peça, Oswaldo Mendes, a priorizar as personagens femininas e optar por uma estrutura surreal: a despeito das diferentes épocas e países em que viveram, as quatro cientistas estão reunidas em uma mesma sala e conversam em português. A “presença” dos homens se resume à citada voz e a uma pequena aparição de um empregado de Bertha Lutz. “Isso estava claro para mim, desde o início: não deveria ter presença masculina em cena”, conta Mendes, que, há cinco anos, recebeu o desafio de falar sobre as cientistas para as atrizes Adriana Dham, Monika Ploger, Selma Luchesi e Vera Kowalska, intérpretes, respectivamente, de Bertha Lutz, Rosalind Franklin, Marie Curie e Hipácia de Alexandria. Desde então, paralelamente às atividades de ator, diretor teatral e biógrafo – Mendes foi vencedor do Prêmio Jabuti, em 2010, por Bendito, maldito: uma biografia de Plínio Marcos (Editora Leya) –, dedicou-se à pesquisa sobre suas personagens, com a disciplina de sua formação de jornalista, profissão que exerceu nos jornais Folha de S. Paulo e Última Hora, entre outros veículos. Outras personagens da peça – como a mãe de Rosalind Franklin, a filha mais velha de Marie Curie e uma criada (fictícia) de Hipácia – são interpretadas por Letícia Olivares, atriz que completa o elenco de Insubmissas. O diretor da peça, Carlos Palma, concordou com a prioridade feita pelo dramaturgo em relação às personagens femininas – tanto que o empregado de Bertha Lutz, Esmeraldino, ao dialogar com a bióloga, é interpretado pelas demais atrizes. ,

Entre as personagens de Insubmissas, talvez a mais controversa seja Rosalind Franklin, que divide opiniões entre historiadores por não ter seu trabalho empírico feito com o DNA (difração de raio X de amostras cristalizadas) reconhecido pelos três pesquisadores vencedores do Nobel de Medicina em 1962, quatro anos após sua morte. O geneticista norte-americano James Watson, o neurocientista inglês Francis Crick (1916-2004) e o fisiologista neozelandês Maurice Wilkins (1916-2004) ganharam o Nobel pela descoberta da dupla hélice do DNA. A peça, no entanto, mostra uma Rosalind com opiniões ponderadas sobre o alcance de suas descobertas, embora não poupe críticas a Watson, hoje com 86 anos. “Pesquisas históricas apontam que, para Rosalind Franklin, o que importava no DNA era apenas sua estrutura. Por outro lado, Watson e Crick buscavam também a estrutura, mas desde que a mesma, simultaneamente, fosse compatível com a função genética da molécula. Estamos, então, diante de objetivos de investigação que, ainda que solidários, são diferentes. E, por conta disso, a mobilização para alcançar seus objetivos foi também diferente”, diz o filósofo Marcos Rodrigues da Silva, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e que atua na área de filosofia da ciência. Silva tratou da questão em 2010, no artigo “As controvérsias a respeito da participação de Rosalind Franklin na construção do modelo da dupla hélice”, publicado na revista Scientiae Studia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).  

Além da contextualização da época vivida pelas quatro mulheres da peça, os personagens secundários ajudam a compor um painel que as humaniza e as aproxima do público. “É importante fazer a relação das ideias científicas com o mundo de hoje. Se não, a peça vai interessar a quem?”, pergunta-se Carlos Palma. Desta forma, a Marie Curie vista na peça não é apenas a pesquisadora incansável, vencedora de dois prêmios Nobel, um de Física, em 1903 (dividido com o marido, Pierre Curie, e Henri Becquerel) e outro de Química, em 1911, mas a viúva e mãe que enfrentou o preconceito da sociedade conservadora do início do século XX quando veio a público pela imprensa francesa, de maneira escandalosa, seu suposto romance com o também físico Paul Lanvegin, mais novo, casado e discípulo de Pierre Curie. Por sua vez, Bertha Lutz tem destacado seu pioneirismo no movimento feminista brasileiro. É a personagem de Letícia Olivares que revela à bióloga que seu nome batiza hoje o Prêmio Bertha Lutz, criado pelo Senado Federal em 2001 e concedido anualmente a mulheres, pesquisadoras ou não, com contribuição relevante às questões femininas e aos direitos humanos. A peça cita, entre as pesquisadoras já premiadas, a socióloga Heleieth Safiotti (1934-2010), professora da Unesp, Câmpus de Araraquara. A vida de Hipácia de Alexandria, apesar das pouquíssimas informações que chegaram da Antiguidade até nós, também garante emoção: pagã, filha do astrônomo e matemático Téon de Alexandria, estudou em Atenas e, ao retornar a sua cidade, ensinava as disciplinas do pai, além de física e filosofia. Ao que se sabe, por questões políticas, foi massacrada por um grupo de cristãos fanáticos e enfurecidos.

A pesquisadora hoje Pró-reitora de Pesquisa da Unesp, a bioquímica Maria José Soares Mendes Giannini acredita que “as mulheres têm sofrido ao longo dos anos preconceitos para ocupar espaços na ciência e o caminho foi extenso e doloroso. As conquistas científicas das mulheres, se comparadas às dos homens, são bem menores”. Maria José lamenta o fato de as pesquisas de Rosalind Franklin não terem o devido reconhecimento e ressalta que Marie Curie, apesar de ser a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes, “por ser mulher, teve negada uma cadeira na Academia de Ciências da França”. Enquanto as mulheres conseguem, a passos não tão largos, seu espaço na ciência brasileira e mundial, o debate proposto pela peça Insubmissas mantém-se atual. “Além da capital paulista, onde esteve em temporada no Teatro de Arena, será levada para outras cidades do Estado e do país”, adianta o diretor Carlos Palma.

A peça “Insubmissas” permanece em cartaz até 29 de março, no Teatro de Arena (Rua Doutor Teodoro Baima, 98 – República), e prossegue sua temporada, em abril e maio, no teatro Ágora (Rua Rui Barbosa,672 – Bela Vista).




quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pioneiras da Ciência do Brasil

Escrever a história das mulheres brasileiras cientistas é reconhecer que a participação feminina foi e é fundamental para o avanço do conhecimento. Estas pioneiras abriram as portas: do saber e do poder. Do saber, porque cada uma delas teve um importante papel para sua área de conhecimento. Do poder, porque provaram que as mulheres não são só aptas para a ciência quanto esta não pode prescindir de sua contribuição.
Esta é uma proposta inicial de visibilizar a história das mulheres pesquisadoras. O CNPq agradece às pesquisadoras Hildete Pereira de Melo e Ligia M. C. S. Rodrigues por terem disponibilizado os resultados de suas pesquisas sobre as pioneiras nas ciências. Este trabalho foi publicado primeiramente pela SBPC, em 2006, com o título: Pioneiras da Ciência no Brasil e poderá ser acessado na íntegra aqui

Fonte:  CNPq

A conquista do voto feminino no Brasil

Voto feminino 80 anos 



Desde que a professora Celina Guimarães Viana conseguiu seu registro para votar, há 86 anos, a participação feminina no processo eleitoral brasileiro se consolidou. Celina é apontada como sendo a primeira eleitora do Brasil. Nascida no Rio Grande do Norte, ela requereu sua inclusão no rol de eleitores do município de Mossoró-RN, onde nasceu e viveu, em novembro de 1927.
Foi naquele ano que o Rio Grande do Norte colocou em vigor lei eleitoral que determinava, em seu artigo 17, que no Estado poderiam “votar e ser votados, sem distinção de sexos”, todos os cidadãos que reunissem as condições exigidas pela lei. Com essa norma, mulheres das cidades de Natal, Mossoró, Açari e Apodi alistaram-se como eleitoras em 1928.
Assim, o Rio Grande do Norte ingressou na História do Brasil como o Estado pioneiro no reconhecimento do voto feminino. Também no Rio Grande do Norte foi eleita a primeira prefeita do Brasil. Em 1929, Alzira Soriano elegeu-se na cidade de Lages.
Somente em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional Constituinte, que pela primeira vez a mulher brasileira pôde votar e ser votada em âmbito nacional. Oitenta anos depois, elas passaram a ser maioria no universo de eleitores do país.
Já em 2008 havia uma maioria feminina no universo de 130 milhões de eleitores. Desses, 51,7% eram mulheres. Essa maioria vem se consolidando ao longo dos anos. No pleito de 2010, elas somaram 51,82% dos 135 milhões de eleitores. Nas eleições de 2012, as mulheres representaram 51,9% dos 140 milhões de eleitores.

Marco inicial

O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que não trazia qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos por mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à possibilidade desse exercício.
Foi somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direito de votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação do Código Eleitoral de 1932, que, além dessa e de outras grandes conquistas, instituiu a Justiça Eleitoral, que passou a regulamentar as eleições no país.
O artigo 2º do Código Eleitoral continha a seguinte redação: “É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na forma deste Código”. A aprovação do Código de 1932 deu-se por meio do Decreto nº 21.076, durante o Governo Provisório de Getúlio Vargas.
Somente dois anos depois, em 1934, quando da inauguração de um novo Estado Democrático de Direito, por meio da segunda Constituição da República, esses direitos políticos conferidos às mulheres foram assentados em bases constitucionais. No entanto, a nova Constituição restringiu a votação feminina às mulheres que exerciam função pública remunerada.
O voto secreto garantia o livre exercício desse direito pelas mulheres: elas não precisariam prestar contas sobre seu voto aos maridos e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em 1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje.
O direito do voto foi finalmente ampliado a todas as mulheres na Constituição de 1946 que, em seu artigo 131, considerava como eleitores “os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na forma da lei”.
Em 1985, outra barreira foi superada em relação aos direitos políticos das mulheres: o voto do analfabeto. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na década de 1980, 27,1% das mulheres adultas eram analfabetas.


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Onde estão as cientistas?

Fonte:  CORREIO BRAZILIENSE

 


Postado em 23/02/2015 08:00 / atualizado em 19/02/2015 17:39

Pouco espaço, machismo e falta de equidade são alguns dos desafios que as mulheres enfrentam para seguir a carreira acadêmica.

Graças a histórias em quadrinhos, filmes e seriados, o cientista está no imaginário das pessoas como um homem excêntrico, descabelado, imerso em cálculos incompreensíveis por nós, meros mortais. Tente, agora, buscar na memória a imagem de uma mulher cientista. Difícil? Para pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, isso se deve à sub-representação feminina em áreas científicas — não apenas nas telas, mas, principalmente, na vida real. O mote do estudo, publicado este mês na revista científica Science, foi responder à pergunta: afinal, onde estão essas mulheres?
 De acordo com dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), hoje, no Brasil, há 63.349 doutores bolsistas de mestrado do sexo masculino — 7.075 a mais que do sexo feminino. A maioria delas concentra os estudos em áreas das ciências humanas (10.856) e da saúde (10.088), enquanto eles dedicam-se às ciências sociais aplicadas (7.236), exatas e da terra (6.258). A equipe de psicólogos norte-americanos testou três hipóteses para a falta de estrogênio nos laboratórios: a) mulheres tentariam evitar carreiras que as obrigam a trabalhar muitas horas seguidas; b) mulheres seriam menos capazes de entrar em campos altamente seletivos; e c) mulheres seriam superadas por homens em carreiras que exigem raciocínio analítico e sistemático.

No estudo, os pesquisadores entrevistaram 1, 8 mil estudantes de graduação, pós-doutorado e docentes de 30 disciplinas diferentes. O objetivo principal foi analisar a cultura de diferentes campos do conhecimento. Entre outras coisas, eles perguntaram quais qualidades eram necessárias para que os participantes tivessem sucesso em seus campos de atuação. As mulheres sentiam-se (e eram) subrepresentadas em ambas as áreas: humanas e exatas. Historicamente consideradas inferiores intelectualmente, mulheres que se interessam por campos como física, engenharia, matemática e outras que "idolatram gênios" costumam encontrar resistência. Ao fim do experimento, os pesquisadores chegaram à mesma conclusão das que se aventuram no mundo científico: há poucas mulheres na ciência porque a ciência não dá espaço.

O estereótipo de que elas não têm as habilidades intelectuais necessárias para encabeçar uma pesquisa científica, para os estudiosos, ajuda a explicar a pouca representação delas na ciência. "Não estamos afirmando que ser brilhante ou valorizar quem é brilhante é uma coisa ruim", frisou Andrei Cimpian, um dos psicólogos envolvidos no trabalho. "Também não estamos dizendo que mulheres não são brilhantes ou que ser brilhante não é útil para a carreira acadêmica. O que nossos dados sugerem é que transmitir aos alunos uma crença de que o ‘brilho’ é necessário para o sucesso pode ter efeito diferenciado sobre homens e mulheres que estão tentando seguir essa carreira."

Para Márcia Cristina Barbosa, professora de física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciências e doutora em física, antes de se pensar nas diferenças entre homens e mulheres que explique a desproporção nas ciências exatas, é preciso analisar se há equidade. Márcia explica que na pesquisa em geral e, em particular, em exatas, a produção científica é quantificada com base em algumas variáveis: número de artigos, de citações, parâmetro h (número de artigos com até h citações) e de estudantes formados. Em um mundo com igualdade homens e mulheres, esses índices devem estar no mesmo nível. "Em física, descobrimos em 2005 que esse não era o caso. As mulheres no nível 2 e no nível 1B (primeiros níveis) tinham, em média, mais artigos do que os homens."



Gustavo Diehl


A conclusão veio a partir de um levantamento feito pela professora para avaliar a entrada e saída no sistema e para as alterações de nível em bolsas de Produtividade em Pesquisa, oferecidas pelo CNPq. Entre os dados, a pesquisadora descobriu que, de 2005 a 2010, os homens produziram apenas um artigo a mais que as mulheres. "Pergunto, então, se isso é equidade. Não, isso é igualdade e não há coisa mais injusta que tratar profissionalmente com igualdade quem tem, no mundo privado, tratamento desigual", argumenta. "As mulheres ainda são as responsáveis por administrar o lar, os filhos e os velhos. Como poderíamos esperar uma produção igual em condições desiguais?".

O artigo "Mulheres na física do Brasil: por que tão poucas? E por que tão devagar?", também de autoria de Márcia, mostra que o percentual de mulheres na física é pífio: menos de 15% estão entre os bolsistas do CNPq. Dessas, apenas 5% ocupam o topo. Outra questão, então, vem à tona: por qual motivo seria desejável ter mais mulheres nos postos de maior importância? Afinal, por que a física precisa delas? "Não vou trazer questões como democracia ou justiça. A física precisa de mulheres porque ciência precisa de diversidade", resume a cientista. "Hoje, a ciência se faz em grandes grupos, em grupos que precisam juntar o diferente para gerar o novo."

Valorização profissional, diferença de salários e/ou de tarefas não são questões que incomodam as cientistas. O que atrapalha (ao menos na opinião das pesquisadoras ouvidas nesta reportagem) é justamente a dificuldade em alcançar o topo. Júlia Vasques, biomédica e pesquisadora do Laboratório Sabin, foi vencedora da medalha de melhor trabalho científico da Annual Meeting and Clinical Lab Expo 2013, evento promovido pela American Association for Clinical Chemistry (AACC). Ela endossa a opinião de Márcia Barbosa: há, sim, mulheres na ciência. O problema é onde elas estão alocadas. "Percebo que a participação vem crescendo muito, mas, os grandes chefes da produção científica, principalmente na área da saúde, são homens."

Maternidade sob o microscópio

Ascender em uma carreira que exige constante estudo, produção e aulas transforma-se em missão quase impossível quando também é preciso administrar tarefas domésticas e, sobretudo, a maternidade. A ideia de que ciência e família são duas retas paralelas é amplamente difundida nos corredores da academia. "Escutei muito que mulher que estuda demais não se casa", conta Júlia Vasques. "Existe também algum preconceito quando a cientista está grávida ou quer engravidar. A ciência torna-se incompatível em certos momentos da vida."

A visão machista, contudo, não a incomoda. Júlia ainda não se casou, mas não descarta a possibilidade nem sente medo de deixar a carreira de lado por conta disso. "Sempre senti que os meus parceiros tinham orgulho de mim. Ficava feliz com a forma que falavam sobre mim para a família e amigos. Acho que nenhum homem quer uma mulher medíocre." Inês Staciarini Batista, física, pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e doutora em ciências espaciais atmosféricas, já ouviu poucas e boas entre um tubo de ensaio e outro. "Hoje, não enfrento mais problemas dessa natureza, mas encaro como um desafio grande conciliar carreira, filhos e casa." Ela tem três filhos e 40 anos dedicados à pesquisa e à ciência.



Atualmente, a pesquisadora confessa que não faz ideia de como conseguiu dar conta de tudo. Competitividade, participação em congressos e produção de artigos e pesquisas quando se tem filhos são alguns motivos que, para ela, fazem com que muitas colegas retardem a carreira ou mesmo abortem o desejo de serem cientistas. "Esse é um ponto mais complicado para nós, mas nada que não possa ser compensado quando as crianças estiverem maiores", pondera. A fórmula mágica, como sempre, é persistir.

Na visão de Inês, o que afasta as mulheres da carreira científica, contudo, não são horários prolongados, a quantidade de artigos científicos ou a obrigatoriedade de produzir tanto quanto os homens e ser mãe ao mesmo tempo. O que falta é despertar o interesse delas para esse mundo. "Falta oportunidade de ter contato, na escola, com o que essas carreiras exigem da pessoa", opina. "Tornar a matemática atrativa para meninas, por exemplo, seria um dos caminhos.

Norma Teresinha Oliveira Reis formou-se em pedagogia, mas resolveu enveredar por outros caminhos após a graduação. Hoje, é mestra em Administração Espacial pela International Space University. Passou três meses em estágio na Agência Espacial Americana (Nasa). Ao longo de todo esse tempo, notou que, em função do gênero, recebia "um tratamento mais condescendente". "Os homens tendem a valorizar mulheres submissas em detrimento das mais competitivas", analisa. "Aquelas que demonstram um perfil mais agressivo são, de certa forma, discriminadas." Além da mentalidade machista que ainda permeia a ciência, Norma acredita que a própria autoestima das mulheres não trabalha a favor das que querem ser cientistas. "Em muitos casos, elas não acreditam no próprio potencial e acabam se excluindo. Um exemplo disso é que apenas cerca de 20% dos alunos de física são do sexo feminino."

A falta de políticas públicas efetivas voltadas para o incentivo da mulher na ciência e mesmo ações compensatórias — como bolsas de estudo e prêmios — também reforça esses números, na opinião de Norma Reis. "O grau mais alto da pesquisa do CNPq tem apenas 3% de pesquisadoras de alto nível", argumenta. "O Estado deveria oferecer creches, instituições para ajudá-las a fazerem ciência e ter filhos ao mesmo tempo."


Entrevista // Christina Helena Barboza

Muito a conquistar

Christina Helena Barboza é doutora em história e pesquisadora titular da Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast/MCTI)





Qual foi o papel feminino na história da ciência?

Desde a emergência da ciência moderna, no século 17, até a década de 1970 pelo menos, a verdade é que as mulheres desempenharam papel secundário. Claro que há variações conforme as áreas do conhecimento e os países, e podemos citar várias exceções, mas essa afirmação pode ser comprovada por um dado significativo: a primeira vez que uma mulher foi admitida em uma das mais antigas e prestigiosas instituições científicas, a Academia de Ciências de Paris, foi em 1979!

Quais mulheres mais se destacaram em campos científicos até hoje? Quais estão em destaque atualmente?

A resposta a essa pergunta sempre terá um cunho muito subjetivo, mas, para muitos, a mulher que merece um destaque especial na história das ciências é Marie Curie (1867-1934). No início do século 20 — portanto em um contexto marcado ainda por muita discriminação —, ela conseguiu a proeza de receber dois prêmios Nobel (o primeiro deles, em 1903, de Física, com o marido Pierre e Henri Becquerel, pelas pesquisas em radioatividade; e o segundo, em 1911, de Química, sozinha, pela descoberta dos elementos rádio e polônio). Se tomarmos o Prêmio Nobel como um indício de destaque na carreira científica, a grande maioria das mulheres que se destacaram ao longo do século 20 não trabalharam em física, química ou matemática, áreas ainda hoje dominadas pelos homens. Aturam mas na área da medicina, como Gery Theresa Cori (1947), Barbara MacClintock (1983), e Gertrude Elion (1988). Outras cientistas frequentemente lembradas trabalharam em campos de menos prestígio no mundo acadêmico, também mais abertos à participação feminina, como Margaret Mead (antropologia), Jane Goodall (primatologia), Melanie Klein (psicologia), e Rachel Carson (biologia e ecologia).

Carreiras que exigem mais horas de trabalho, como a de um pesquisador, afastam as mulheres ou o próprio mercado as descrimina?

A carreira de pesquisador, na medida em que se progride, não exige apenas o trabalho de pesquisa (e o de ensino, que quase sempre vem junto) em si, mas um esforço de negociação com os pares e demais agentes sociais em busca de apoio em diversas formas (recursos financeiros e humanos, publicações). Isso implica participação em eventos, bancas, reuniões, muitas viagens, e, sob esse ponto de vista, elas têm mais dificuldade de acompanhar o ritmo dos homens.

Quais são os principais problemas enfrentados por elas? São os mesmos colocados aos homens?

Os obstáculos são os mesmos, pelo menos na área de história (das ciências). Acho que em outros campos do conhecimento, como a matemática, as engenharias e as ciências exatas de um modo geral, as questões são maiores, já que se deve acrescentar a discriminação de gênero, que ainda acontece. E o que é pior, acontece de maneira velada. Recentemente, conversei com uma astrônoma importante no cenário brasileiro, cujo nome prefiro não citar, que relatou ter ouvido de um colega que a bem-sucedida carreira dela no exterior tinha de ser atribuída aos contatos conseguidos pelo marido, também cientista.

O que falta para que elas tenham o mesmo reconhecimento no mundo científico?

Investimento maior na educação básica, que venha acompanhado de mudança na visão da ciência. Enquanto prevalecer a ideia de que a ciência é atividade para inteligências excepcionais e que o sucesso depende mais do talento individual do que do esforço coletivo, será difícil avançar.

Os doze trabalhos de Hernan - Jornal da Ciência - Linkis.com

Os doze trabalhos de Hernan - Jornal da Ciência - Linkis.com

Artigo do pesquisador Carlos Morel (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fala  sobre os desafios da ciência e do desenvolvimento tecnológico no Brasil.

Após vencer Oscar, Patricia Arquette pede igualdade de gênero

Em seu discurso, atriz falou sobre “equiparação salarial e igualdade de direitos para as mulheres” e arrancou aplausos da plateia – sobretudo, de Meryl Streep

Na noite deste domingo (22), Patricia Arquette, de 46 anos, venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela atuação em Boyhood (Richard Linklater), confirmando as previsões. O que chamou a atenção foi seu discurso de agradecimento: ao pedir igualdade de gênero, ela arrancou aplausos da plateia e foi ovacionada por grandes nomes do cinema, como a veterana Meryl Streep.
“É hora de atingirmos, de uma vez por todas, equiparação salarial e igualdade de direitos para as mulheres nos Estados Unidos da América”, disse, emocionada, no auge de sua fala. “Dedico [o prêmio] a todo cidadão que já lutou por igualdade de direitos, a todas as mulheres que já lutaram”, completou.
Em Boyhood, Arquette interpreta Olivia Evans, a mãe divorciada do menino Mason Jr. (Ellar Coltrane). O filme, que levou onze anos (de 2002 a 2013) para ser produzido, acompanha o desenvolvimento do garoto desde a infância até o primeiro período da idade adulta, quando ele ingressa na universidade. A atriz desbancou Keira Knightley (O Jogo da Imitação), Laura Dern (Livre), Emma Stone (Birdman) e a própria Meryl Streep (Caminhos da Floresta).



Após vencer Oscar, Patricia Arquette pede igualdade de gênero; assista

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tabela de compatibilidades sanguíneas


Nise da Silveira - uma psiquiatra rebelde

                                              
                                                        Por Dr. Lauro Arruda - Cardiologista

Nise da Silveira nasceu em Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de  1905. Seu pai, Faustino Magalhães, era professor e  jornalista, diretor do Jornal de Alagoas; a mãe, Lídia da Silveira, era pianista. Fez seus primeiros estudos com as freiras do Colégio Santíssimo Sacramento, em Maceió. Em 1921, aos 16 anos, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, e concluiu o curso aos 21 anos, como única mulher entre os 157 homens da turma de 1926. Sua tese de doutoramento foi: Ensaio sobre a criminalidade da mulher no Brasil. Foi uma das primeiras mulheres no Brasil a se formar em Medicina. Casou-se  com o sanitarista Mário Magalhães da Silveira, seu colega de turma na faculdade, com quem viveu até ele falecer, em 1986.
Em 1927, após o falecimento do  seu pai, Nise e Mário mudam-se para o Rio de Janeiro, onde ela passou a frequentar os meios artístico, político e literário. Em 1933, estagiou na clínica neurológica de Antônio Austregésilo.No mesmo ano foi aprovada num concurso para psiquiatra do Hospital da Praia Vermelha, no Serviço de Assistência à Psicopatas e Profilaxia Mental.
Durante a Intentona Comunista, foi denunciada por possuir  livros marxistas e ter ligações com membros do partido comunista. Em 1936, foi levada para o presídio da rua Frei Caneca, onde ficou detida por 16 meses. Foi companheira de cela de Olga Benário, esposa do líder Luiz Carlos Prestes, e tornou-se uma das personagens do livro Memórias do Cárcere, do escritor alagoano Graciliano Ramos, que também estava preso lá. De 1937 a 1944, permaneceu com seu marido na semi-clandestinidade, afastada do serviço público por razões políticas, época que o Brasil vivia sob o domínio da ditadura Vargas. Durante seu afastamento fez uma profunda leitura reflexiva das obras do filósofo Spinoza, material publicado em seu livro Cartas à Spinoza,  em 1995.
Em 1946,  foi anistiada e  reintegrada ao serviço público, dando inicio ao seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, onde retomou sua luta contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos pacientes, como eletrochoques, coma insulínico e lobotomia.Por sua discordância com os métodos adotados nas enfermarias,  Nise da Silveira foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então menosprezada pelos médicos. Assim, em 1946, fundou nesta instituição a "Seção de Terapêutica Ocupacional". No lugar das tradicionais tarefas de limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia ocupacional, ela criou ateliês de pintura e modelagem com a intenção de possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria então praticada no país.
Em 1952,  fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem, pintura, escultura e carpinteria que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.Entre outros artistas-pacientes que criaram obras incorporadas na coleção desta instituição, que conta com cerca de 300 mil exemplares, podemos citar: Adelina Gomes; Carlos Pertuis; Emygdio de Barros, Fernando Diniz, Rafael Domingos, Octávio Inácio e Arthur Bispo do Rosário.Este valioso acervo alimentou a escrita de seu livro "Imagens do Inconsciente", filmes e exposições significativas, como a "Mostra Brasil 500 anos".Entre 1983 e 1985, o cineasta Leon Hirszman realizou o filme "Imagens do Inconsciente", trilogia mostrando obras realizadas pelos internos em Engenho de Dentro, a partir de um roteiro criado por Nise da Silveira.
Poucos anos depois da fundação do museu, em 1956, Nise desenvolveu outro projeto também revolucionário para a época: criou a Casa das Palmeiras, uma clínica voltada à reabilitação de antigos pacientes de instituições psiquiátricas, onde eles podiam expressar sua criatividade, sendo tratados como pacientes externos numa etapa intermediária entre a rotina hospitalar e sua reintegração à vida em sociedade. Ao perceber que a responsabilidade de cuidar de um animal e o desenvolvimento de laços afetivos podia contribuir para a reabilitação de doentes mentais, Nise da Silveira os incorporou a seu trabalho, e costumava chamar os animais de co-terapeutas. Ela comprovou que a afetividade não é anulada pelo problema psiquiátrico, e descreveu parte deste processo em seu livro "Gatos, A Emoção de Lidar", publicado em 1998,quando já tinha a idade de 93 anos.
Os estudos do psiquiatra suiço Carl Jung sobre os mandalas, atraíram a atenção de Nise da Silveira para suas teorias sobre o inconsciente. Notando serem  mandalas temas recorrentes nas pinturas de seus pacientes, passou a manter correspondência sobre o tema com Jung a partir de  1954 . Foi  estimulada pelo mestre a apresentar uma mostra das obras de seus pacientes, que recebeu o nome "A Arte e a Esquizofrenia", ocupando cinco salas no "II Congresso Internacional de Psiquiatria", realizado em 1957, em Zurique. Nise da Silveira estudou no "Instituto Carl Gustav Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e de 1961 a 1962. Lá recebeu supervisão em psicanálise da assistente de Jung, Marie-Louise von Franz.Retornando ao Brasil após seu primeiro período de estudos jungianos, formou em sua residência o "Grupo de Estudos Carl Jung", que presidiu até 1968.Escreveu, dentre outros, o livro "Jung: vida e obra", publicado em primeira edição em 1968.
Foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé Internationale de Psychopathologie de l'Expression"), sediada em Paris.Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo psiquiátrico através das imagens do inconsciente deram  origem a diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações e conferências.
Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento., entre outras: "Ordem do Rio Branco" no Grau de Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores (1987); “ O título de doutora honoris causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)” em 1988;"Prêmio Personalidade do Ano de 1992", da Associação Brasileira de Críticos de Arte;"Medalha Chico Mendes", do grupo Tortura Nunca Mais (1993)"Ordem Nacional do Mérito Educativo", pelo Ministério da Educação e do Desporto (1993).
Seu trabalho e idéias inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições terapêuticas  em diversos estados do Brasil e no exterior, como:

•    o "Museu Bispo do Rosário", da Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro)
•    o "Centro de Estudos Nise da Silveira" (Juiz de Fora,Minas Gerais)
•    o "Espaço Nise da Silveira" do Núcleo de Atenção Psico-Social (Recife)
•    o "Núcleo de Atividades Expressivas Nise da Silveira", do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre-RS)
•    a "Associação de Convivência, Estudo e Pesquisa Nise da Silveira" (Salvador -Ba,)
•    o "Centro de Estudos Imagens do Inconsciente", da Universidade do Porto (Portugal)
•    a "Association Nise da Silveira - Images de L'Inconscient" (Paris- França)
•    o "Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli" (Genova-Itália)

Obras publicadas:
•    Jung: vida e obra, Rio de Janeiro: José Álvaro Ed. 1968.
•    Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Alhambra, 1981.
•    Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma experiência em psiquiatria.    Rio de Janeiro: Alhambra. 1986.
•     O mundo das imagens. São Paulo: Ática, 1992.
•     Nise da Silveira. Brasil, COGEAE/PUC-SP 1992.
•     Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1995.
•     Gatos, A Emoção de Lidar. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 1998.


Nise da Silveira faleceu devido a insuficiência respiratória, em 30 de outubro de 1999, no Rio de janeiro, aos 94 anos.

   Fonte: http://www.hospitaldocoracao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=226:nise-da-silveira-uma-psiquiatra-rebelde&catid=48:nomes-da-medicina&Itemid=120

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A Ciência precisa das MULHERES !

https://nupesc.files.wordpress.com/2014/10/doublexart1.jpgMotivar as crianças e jovens para que tenham interesse em ciência é um grande desafio para o Brasil. Identificar, encorajar e estimular os jovens talentosos são formas de contribuir para o crescimento de nossa sociedade, pois o desenvolvimento do país hoje e no futuro depende de termos bons cientistas e bons professores das diversas áreas das Ciências em todos os níveis, desde o ensino fundamental até o pós-doutorado.

Os países desenvolvidos estão tendo suas populações diminuídas, daí o grande investimento nas mulheres como fonte de cérebros e o estímulo por sua inclusão nas universidades e nas diversas áreas da ciência e tecnologia.

Especialistas sugerem que quando tivermos mais mulheres em posições decisórias com relação a ciência e tecnologia, teremos diferentes prioridades nas pesquisas e o desenvolvimento de diferentes tipos de tecnologia. E para implementar o empoderamento das mulheres e jovens, a ferramenta mais eficiente é o conhecimento.

Saiba mais!

Contra os preconceitos na Ciência

Z“Meninas não se interessam por ciência” ou “tecnologia é para meninos”. Esses são alguns dos pré-conceitos apontados como extremamente prejudiciais ao desenvolvimento das mulheres nas ciências. Expectativas baixas levam a performances baixas. O preconceito pode levar os profissionais da educação a alcançarem os resultados esperados, ou seja, maus resultados.




A educadora Marie Curie

Menos conhecida do público, a atuação no ensino de ciências da única mulher a ganhar dois prêmios Nobel merece ser lembrada. O destaque vai para a ênfase dada por ela à experimentação e para a cooperativa que criou para despertar vocações. 

Marie Curie foi a primeira mulher a participar do corpo docente da Sorbonne e, segundo consta dos relatos de suas ex-alunas, inovou no ensino de física ao ampliar o tempo de suas aulas, produzir seu próprio material de ensino, levar suas alunas para conhecer laboratórios de pesquisa e pô-las em contato direto com equipamentos e experimentos – atividade antes restrita aos rapazes."


Saiba mais!  Acesse:  http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2014/07/a-educadora-marie-curie




sábado, 7 de fevereiro de 2015

“Biblioteconomia, Ciência e Profissão”

 


O CBBD tem como objetivo discutir o estado da arte da Biblioteconomia e da Ciência da Informação e integrar os profissionais das bibliotecas brasileiras de todas as tipologias: escolar, pública, comunitária, universitária e especializada.
Neste sentido, alinhado à plataforma da presente gestão “Advocacy para o fortalecimento das bibliotecas brasileiras” e visando articular e aproximar os profissionais da Biblioteconomia e Ciência da Informação – os da linha de frente das bibliotecas e centros de informação e os acadêmicos e pesquisadores - propomos um tema amplo e representativo: “Biblioteconomia, Ciência e Profissão”. Entendemos que todos construímos a Biblioteconomia diariamente, cada um na sua especialidade, e queremos criar neste evento um espaço de integração e reflexão. O tema geral do evento é o mote para convidarmos todos a refletir e oferecer sua colaboração individual para o fortalecimento da nossa área. Acreditando que juntos somos mais fortes e poderemos conquistar os espaços que sonhamos, e continuar consolidando o trabalho já realizado. Queremos ampliar as ações para que nosso país tenha de fato um Sistema de Bibliotecas com plena capacidade para atender às necessidades de nossas comunidades e fomentar novas demandas. Sabemos que em alguns espaços do território nacional a missão de uma biblioteca é mal conhecida e, também por isso, exaltamos a profissão e recorremos à Ciência como suporte aos projetos consolidados, ou em fase de desenvolvimento.
Nosso convite é para que, independentemente do segmento de atuação de cada um, tenhamos um olhar mais abrangente para a área de Biblioteconomia, como resposta às dificuldades específicas de nossas bibliotecas. Os avanços esperados nas bibliotecas públicas e escolares, devem ser bandeiras de todos os profissionais, professores, alunos, pesquisadores e cientistas da informação.
Para proporcionar as discussões, o evento terá a seguinte estrutura:
  • Conferências: Autoridades no assunto serão convidadas para apresentarem o tema de sua especialidade, que deverá versar sobre tendência ou inovação na área.
  • Mesa Redonda: Reunião de pesquisadores ou profissionais para apresentarem e debaterem um tema a partir de distintas visões.
  • Conversando sobre: Discussão sobre tema específico, de modo informal, com profissionais especializados. Deverá trazer uma prática exitosa para suscitar a discussão e troca de experiências entre os conversadores.
  • Posteres digitais: apresentações em forma de painéis digitais, expostos em computadores, com a presença do(s) autor(es) para conversar(em) com os interessados em horários específicos.
  • Palestras: especialistas brasileiros e estrangeiros que falarão sobre temas emergentes da área.
  • Eventos paralelos: II Fórum das Bibliotecas Escolares e IV Fórum Brasileiro de Bibliotecas Públicas
O espaço “Conversando sobre...” é uma inovação desta edição. Trata-se de atividade na qual dois especialistas em determinado assunto apresentarão suas práticas profissionais com o intuito de provocar uma discussão ampla com os participantes. O objetivo é criar um ambiente propício ao diálogo entre apresentadores e assistentes, que permita a troca e compartilhamento de experiências bem sucedidas na área.

IV Seminário Enlaçando Sexualidades

http://www.enlacando.uneb.br/wp-content/themes/enlacando/images/banner_2014.png 


O IV Seminário Enlaçando Sexualidades, evento acadêmico, organizado e promovido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), bem como pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP/BA), por meio do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural e do Doutorado Multiinstitucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento (UFBA, UNEB, UEFS, LNCC, SENAI – CIMATEC, IFBA), sob a coordenação geral do Grupo de Pesquisa Enlace e do GEDEM (Grupo de Atuação em Defesa das Mulheres), será realizado de 27 a 29 de maio de 2015 na cidade de Salvador.
O IV Enlaçando Sexualidades, em 2015, terá seu foco central em temas que sugerem tensões, regras, normas, rupturas, emoções e biopoderes, tanto pelas interações face a face, quanto pelas relações institucionais. O evento pretende discutir e promover deslocamento em algumas das mais significativas experiências dos sujeitos contemporâneos, bem como em algumas das mais sapientes estratégias institucionais, quais sejam as moralidades, as famílias e a fecundidade.
O Seminário Enlaçando Sexualidades teve sua primeira edição em 2009 e procurou se estruturar não somente como um veículo de difusão de saberes científicos interdisciplinares sobre a temática das sexualidades e relações de gênero, mas também como um território da construção de saberes que dialoga com os gestores/as públicos, com os membros dos movimentos sociais e com os/as professores/as da Educação Básica.




Armandinho




Curso de especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde

 


 Confira esta oportunidade promovida pela COC/Fiocruz: abertas até 20 de fevereiro de 2015 as inscrições para o curso de especialização em Preservação e Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde. Saiba como aproveitá-la! http://bit.ly/1vd7r2z

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Participação feminina na Fiocruz é tema de tese de doutorado




por
Graça Portela

24/07/2014

  

Que as mulheres são a maioria dos trabalhadores na Fiocruz, isso é indiscutível. Elas representam 51,6% da força de trabalho da Fundação. Ao todo, 6.359 mulheres entre servidoras e terceirizadas. Desse total, 2.745 possuem especialização em nível médio ou nível superior, mestrado ou doutorado, segundo os números de junho/2014 fornecidos pela Diretoria da Recursos Humanos da Fiocruz. Mas, em sendo uma instituição voltada também para a pesquisa, qual tem sido o papel delas na Fundação?
Para responder a essa pergunta, a pesquisadora Jeorgina Gentil, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict) e servidora do Icict, realizou uma pesquisa detalhada para a sua tese – “Gênero, Ciência & Tecnologia e Saúde: apontamentos sobre a participação feminina na pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz”, defendida em fevereiro desse ano.
Em seu trabalho, Jeorgina optou pelo estudo de gênero. “Foi um exercício em que ofereço neste estudo ‘meu olhar estrangeiro’ sobre o tema. Desde Marie Curie, os estudos de gênero privilegiam figuras ímpares, as exceções à regra de sua época, e não necessariamente o esforço de um conjunto de pesquisadoras no desenvolvimento científico nacional”, explica.
A pesquisa cobriu o período de 1996 a 2013 e aponta alguns resultados muito interessantes. Dados mostram que, em maio de 2012, havia na Fiocruz um total de 1.064 servidores com titulação de doutorado, sendo 654 (61,5%) mulheres e 410 (38,5%) homens. A produção bibliográfica das mulheres no período estudado foi de 345 artigos e a dos homens ficou em 225, apesar disso, a média de artigos publicados pelas mulheres (12,6 artigos/mulher) é inferior a dos homens – 19,2 artigos/homem.
As informações foram levantadas em consulta ao Portal Transparência, do Governo Federal, e permitiu identificar o total de servidores que entraram por concurso público e que, no momento do estudo, possuíam titulação de doutorado. Ao todo foram 571 servidores, sendo 346 (60,6%) mulheres e 225 (39,4%) homens.
Partindo desses dados, Jeorgina Gentil buscou na Plataforma Lattes os currículos cadastrados de cada um desses servidores, por meio de uma base de dados especialmente desenhada para recebê-los. Em seguida, o total de referências foi migrado e tratado no software de mineração de dados VantagePoint, o que permitiu análises quantitativas da produção acadêmica e técnica, das orientações, do acesso às bolsas de produtividade e de prêmios. “Em paralelo, uma segunda perspectiva de análise documental foi realizada com vistas a mapear a participação feminina em postos de tomada de decisão na Fiocruz”, explica a ex-aluna do PPGICS.
O estudo realizado reafirma mais uma vez a crescente importância da participação feminina na Ciência. Segundo os dados de 2012 divulgados pela Academia Brasileira de Ciências, no Brasil cerca de 12,45% dos cientistas são mulheres, tornando o país o quinto no mundo em participação feminina na ciência, ficando atrás apenas de Cuba (28%), México (23%), Canadá (14%) e Costa Rica (12,5%), e à frente dos Estados Unidos (11%) e da Inglaterra (5%).
Apesar da jornada tripla (trabalho doméstico, estudos e emprego), que cria obstáculos à mulher para que ela possa ter uma dedicação maior à carreira, os números encontrados na Fiocruz são otimistas, conforme explica Jeorgina Gentil: “no que diz respeito aos indicadores gerados internamente, observou-se que as mulheres são majoritárias na liderança dos grupos de pesquisa e dos projetos fomentados internamente”, afirma.
A despeito do dado positivo, a pesquisadora pondera: “apesar de as evidências apontarem que as servidoras doutoras da Fiocruz têm participado cada vez mais das atividades de Ciência e Tecnologia nacionais, elas ainda não avançaram nos cargos de alta direção da Fiocruz.” Segundo ela, “é possível constatar a segregação vertical, fenômeno conhecido na literatura como ‘teto de vidro’, que caracteriza-se pela menor velocidade com que as mulheres ascendem na carreira e que resulta em sua subrrepresentação nos níveis ocupacionais mais altos e de maior prestígio.” Mesmo assim, Jeorgina observa que “nas instâncias propositivas internas da Fiocruz, as mulheres vêm ganhando espaço”, e cita o exemplo do Coletivo de Dirigentes – espaço institucional constituído por funcionários que detém cargos de direção e assessoramento superior – “onde aparece um número crescente de mulheres em postos–chave na Instituição.”
Para aumentar a participação da mulher, Jeorgina Gentil propõe algumas ações positivas: “a presença da Fundação nos programas de inclusão da mulher é uma realidade institucional.  Mas, para um maior reconhecimento da mulher na Fiocruz são necessárias ações como conceder licença à gestante bolsista nas diferentes fases de formação científica, e garantir creches abertas também aos demais vínculos”, conclui.