sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DICAS DE LEITURA

SCHIEBINGER, L. Mais mulheres na ciência: questões de conhecimento. Apresentação de Maria Margaret Lopes. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, supl., jun. 2008, p.269-281.


Este artigo apresenta considerações, no contexto norte-americano, de teorias e práticas sobre a busca de igualdade para a participação das mulheres nas ciências. Equaciona o desenvolvimento dessas discussões em três níveis de análise: participação das mulheres na ciência; gênero nas culturas da ciência; e gênero nos resultados da ciência. Enfatizando a importância de continuar reunindo exemplos empíricos de como a análise de gênero transformou a teoria e a prática de campos disciplinares como as ciências da vida, primatologia e arqueologia, consideram a necessidade de prosseguir na construção de quadros de referência de análise de gênero para outras áreas disciplinares como física e química.


RAGO, E. J. Ruptura do mundo masculino da medicina: médicas brasileiras no século XIX. Cadernos Pagu, Campinas, n.15, p. 99-225, 2000.


Este artigo tem por objetivo analisar a luta das primeiras mulheres médicas para ingressar num campo tradicionalmente masculino como o da medicina, na segunda metade do século XIX, focalizando médicas brasileiras. Mostra como as pioneiras enfrentaram as hostilidades e foram capazes de reverter as pressões políticas e sociais, criando as condições de ruptura do mundo masculino da medicina.


OSADA, N. M..; COSTA, M. C. A construção social de gênero na Biologia. Cadernos Pagu, Campinas, n. 27, p. 279-299, jul.-dez., 2006.

Este artigo tem como objetivo analisar a presença de homens e mulheres nas ciências biológicas a partir do Projeto Genoma Fapesp (PGF). Baseado nos estudos sociais das ciências e nos estudos de gênero em ciências, pretende-se, portanto, entender as principais razões que levam ao avanço mais lento na carreira das mulheres pesquisadoras, analisar como ocorre a participação das mulheres na construção das ciências e, por fim, avaliar os principais obstáculos por elas enfrentados.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Profesionales de la información en ciencias de la salud pueden presentar trabajos sobre eSalud en las Américas

Washington, DC, 13 de agosto de 2012 (OPS/OMS)--Profesionales de la información, gestión del conocimiento y comunicación en salud  podrán enviar hasta el 30 de agosto resúmenes sobre experiencias en eSalud en las Américas para ser presentadas en formato de afiche en el 9º Congreso Regional de Información en Ciencias de la Salud (CRICS9). El CRICS9 se realizará del 22 al 24 de octubre de 2012, en Washington, DC, Estados Unidos.
Los interesados en presentar trabajos en el CRICS9 deberán enviar un resumen descriptivo de una experiencia, proyecto o investigación a través del formulario disponible en el sitio de Internet del congreso. Los trabajos podrán presentarse en español, portugués, francés o inglés.
Los resúmenes enviados  serán evaluados por el Comité Científico del CRICS9, según criterios de calidad de la información y de la relevancia para los cinco ejes temáticos y para los subtemas del congreso. Los resúmenes seleccionados serán presentados por los autores en la modalidad de póster electrónico.
El lema del CRICS9 es “eSalud: acercándonos al acceso universal a la salud”. Durante tres días los participantes analizarán este tema en sesiones plenarias, mesas redondas, paneles y talleres. Antes de este evento, se realizará la 6ª Reunión de Coordinación Regional de la Biblioteca Virtual en Salud (BVS), entre el 20 y 21 de octubre, también en Washington, D.C. Las BVSs son colecciones descentralizadas y dinámicas de fuentes de información, que tienen por objetivo el acceso equitativo al conocimiento científico en salud.
CRICS es el principal espacio de intercambio de información sobre programas, proyectos, sistemas y redes de información y comunicación científica en salud en la región de las Américas. Entre esos programas se encuentran la Biblioteca Virtual de Salud (BVS) y el Campus Virtual en Salud Pública (CVSP).
El CRICS es organizado por la Organización Panamericana de la Salud/Organización Mundial de la Salud (OPS/OMS), a través de su Centro Latinoamericano y del Caribe de Información en Ciencias de la Salud (BIREME).


Contactos:
Leticia Linn, linnl@paho.org, Tel. + 202 974 3440, Móvil +1 202 701 4005 y Sonia Mey-Schmidt, maysonia@paho.org, Tel. + 1 202 974 3036, Móvil +1 202 251 2646, Gestión del Conocimiento y Comunicaciones, OPS/OMS – www.paho.org 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PÓS-GRADUAÇÃO - INSTITUTO OSWALDO CRUZ

Pós-graduação Stricto sensu em Biologia Parasitária

Estão abertas as inscrições para Pós-graduação Stricto sensu em Biologia Parasitária, nível de Mestrado e Doutorado. Os interessados podem se inscrever até o dia 06 de setembro para o Mestrado, e 31 de agosto para o Doutorado. As inscrições devem ser feitas por meio da plataforma SIGA.


Medicina Tropical - Doenças Infecciosas e Parasitárias


De 10 de setembro a 5 de outubro serão realizadas as inscrições para o Mestrado Acadêmico na área de DIP no Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical. Os candidatos devem preencher o formulário eletrônico de inscrição disponível na Plataforma SIGA.









terça-feira, 21 de agosto de 2012

FICHAMENTO

SCHWARTZMAN, S.; BALBACHEVSK, E. A profissão acadêmica no Brasil. Versão preliminar em língua portuguesa em: SCHWARTZMAN, S.; BALBACHEVSK, E. The Academic Profession in Brazil. In: ALTBACH, P. G., (Ed). The International Academic Profession: portraits from 14 Countries. Princeton, NY: Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching, 1997.

Este estudo realizado por Schwartzman e Balbachevsk em 1992 foi pioneiro no Brasil. O estudo coletou informações relevantes que permitiram uma descrição bastante pormenorizada da realidade vivida pelos profissionais de ensino superior no início da década de 1990. O objetivo deste estudo é apresentar os primeiros resultados de uma pesquisa sobre a profissão acadêmica no Brasil, realizada em 1992 como parte de um estudo internacional comparado. Conforme os autores, a idéia de uma "profissão acadêmica" é relativamente nova, e decorre do surgimento das modernas universidades de massa, com seus milhares de professores, que fazem do trabalho universitário sua identidade mais central. Na universidade brasileira, até a década de 1980, os professores se identificavam com suas profissões de origem - médicos, advogados, engenheiros, arquitetos - e o título de professor significava sobretudo um galardão adicional a uma carreira profissional bem sucedida. Esta identidade profissional dos professores universitários contrastava com a dos professores do ensino secundário e básico, cuja eventual identidade disciplinar (professor de geografia, português, história, matemática) perdia importância em relação ao trabalho de ensinar e ao tipo de vínculo profissional que ele representava. A massificação do ensino superior fez com que se acrescentasse, ao professor tradicional das escolas profissionais, pelo menos três tipos diferentes de profissionais. O primeiro, minoritário, mas encarnando o ideal de uma universidade reformada e progressista, era o professor pesquisador e cientista, intelectualmente bem formado, geradores de conhecimentos novos, e capacitado para transmitir aos estudantes o segredo do conhecimento criativo, independente e crítico (SCHWARTZMAN, S.; BALBACHEVSK, 1997, p.4). O ponto de partida para a amostra deste estudo foram os dados coletados pelo Serviço de Estatística da Educação e Cultura do Ministério da Educação para o ano de 1989, reprocessados pelo Núcleo de Pesquisas sobre o Ensino Superior da Universidade de São Paulo. O conjunto de informações coletadas para o estudo foi apresentado em forma de quadros e gráficos sobre: 1) A distribuição dos docentes do ensino superior por região e tipo de instituição; 2) Nível educacional dos professores universitários em atividade, por dependência administrativa; 3) Pessoal acadêmico com mestrado ou doutorado completo, por dependência administrativa, região e tipo de instituição; 4) Distribuição dos professores de ensino superior brasileiros, conforme o tipo de instituição; 5) Amostra de professores de ensino superior brasileiros, conforme o tipo de instituição; 6) Percentagem de professores com contrato permanente e estável, por tipo de instituição e titulação acadêmica; 7) Idade, ano de início do trabalho acadêmico idade ao iniciar o trabalho acadêmico e renda do trabalho acadêmico, por sexo; 8) Professores universitários brasileiros, por ano de nascimento, horas de aula semanais dadas no semestre; 9) Produção acadêmica dos professores. A amostra elaborada para esta pesquisa buscou cobrir esta variedade de situações, e também alguma variedade regional, tratando de dar maior representatividade a instituições academicamente mais consolidadas. Foram entrevistados 964 professores em 19 instituições, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Bahia e Mato Grosso do Sul. Cabe aqui destacar que o surgimento e institucionalização de profissões é geralmente ligado a processos de mobilidade e ascensão de determinados grupos na sociedade, e isto vale também para a profissão acadêmica no Brasil. Os dados apresentados por Schwartzman e Balbachevsk (1997, p.22): “[...] confirmam a existência de três grupos bem distintos de professores universitários brasileiros, com graus diferentes de profissionalização, e conseqüências também distintas deste processo. Nas instituições privadas e estaduais fora de São Paulo predomina o grupo dos professores em tempo parcial, sem estabilidade, com baixa especialização acadêmica, dando um grande número de aulas, e prestando serviços ao setor privado. Nas instituições públicas federais predominam os professores de qualificação média, estáveis, de tempo integral, com grande envolvimento com atividade sindicais, e produção científica relativamente pequena. O terceiro grupo, mais freqüente na universidade paulista, mas também presente em outras instituições, é formado pelo professor mais qualificado, envolvido em pesquisas com financiamento próprio, com pouca participação sindical e grande envolvimento com associações acadêmicas no país e no exterior. O terceiro destes grupos corresponde ao que se poderia considerar o "modelo" da profissão acadêmica, em comparação com os quais os outros não seriam senão aproximações imperfeitas, a serem gradualmente corrigidas. O problema, no entanto, é que este terceiro grupo só inclui uma parte pequena do professorado, em algumas poucas instituições, e não parece realista esperar que todos os demais professores evoluam nesta direção, seja pelo enrijecimento das instituições públicas, com a estabilidade unanimemente assegurada, seja pelo alto custo que significaria a generalização do tempo integral e da formação em nível de doutorado para todo o sistema. O mais razoável é supor que a profissão acadêmica no sentido estrito vai continuar limitada a um setor pequeno e diferenciado, e examinar as alternativas de profissionalização que poderiam ser pensadas para os demais. A atual situação de ‘profissionalização imperfeita’ acaba gerando um grande número de distorções e frustrações, que vão das tentativas frustradas de manter uma atividade de pesquisa que não se materializa ao insulamento a que, de fato, muitos dos professores universitários são levados, ao perderem os vínculos com as profissões de origem, sem conseguirem efetivamente se incorporarem à nova. O ‘proletariado acadêmico’ formado pelos professores horistas do sistema privado tampouco tem perspectivas claras de profissionalização, e haveria que pensar se caberia, de fato, esperar que esta profissionalização se desse neste setor”. Finalizando, este estudo sobre o sistema acadêmico nacional tem chamado a atenção para o grau de correlação entre o nível da qualificação acadêmica e a profissionalização da carreira docente no país, e nesse sentido os dados tem demonstrado que o cultivo de um ethos acadêmico e a efetiva prática da profissão acadêmica encontra-se implantada em uma pequena fração das instituições de ensino superior no país. A partir da análise desenvolvida neste estudo, observa-se que um dos desafios centrais para o ensino superior brasileiro é formular uma política não direcionada apenas para uma das partes do sistema. Ao contrário, é necessário um conjunto de ações que tenha como alvo o conjunto das instituições do sistema de ensino a ser enfrentado em sua totalidade. Trata-se, portanto, de criar mecanismos reais que qualifiquem academicamente o sistema como um todo.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Boletim Eletrônico Capes Notícias nº17

Capes divulga novo edital do PEC-PG

Divulgado o edital nº 42/2012, para seleção de candidaturas no âmbito do Programa Estudantes-Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG). As inscrições vão de 27 de agosto a 15 de outubro. A divulgação do resultado está prevista para dezembro de 2012 e o início das atividades acadêmicas a partir de março de 2013.

Leia mais



Plataforma Brasil

Plataforma Brasil é uma base nacional e unificada de registros de pesquisas envolvendo seres humanos para todo o sistema CEP/Conep. Ela permite que as pesquisas sejam acompanhadas em seus diferentes estágios - desde sua submissão até a aprovação final pelo CEP e pela Conep, quando necessário - possibilitando inclusive o acompanhamento da fase de campo, o envio de relatórios parciais e dos relatórios finais das pesquisas (quando concluídas).

O sistema permite, ainda, a apresentação de documentos também em meio digital, propiciando ainda à sociedade o acesso aos dados públicos de todas as pesquisas aprovadas. Pela Internet é possível a todos os envolvidos o acesso, por meio de um ambiente compartilhado, às informações em conjunto, diminuindo de forma significativa o tempo de trâmite dos projetos em todo o sistema CEP/CONEP.

PARA A REALIZAÇÃO DO CADASTRO, É OBRIGATÓRIO TER EM MÃOS OS SEGUINTES ITENS:

•Número do CPF.

•Curriculum Vitae do pesquisador (em formato doc, docx, odt ou pdf) ou o endereço eletrônico do Currículo na Plataforma Lattes.

•Documento com foto digitalizado (Carteira de identidade, identidade Profissional, Carteira de Motorista, em formato jpg ou pdf).

•Conta de e-mail ativa.

Para cadastrar-se, por favor, acesse o site da Plataforma Brasil: www.saude.gov.br/plataformabrasil



domingo, 19 de agosto de 2012

MULHERES E EDUCAÇÃO NO BRASIL-COLÔNIA: HISTÓRIAS ENTRECRUZADAS

AUTORA: Arilda Ines Miranda Ribeiro

Mestre e Doutora (Unicamp) e Livre-Docente (Unesp) em História da Educação e Professora junto ao Programa de Pós-Graduação e Graduação da UNESP – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente. Faz parte do Grupo de Pesquisa Valores, Educação e Formação de Professores

FONTE: http://maniadehistoria.wordpress.com/mulheres-e-educacao-no-brasil-colonia/


INTRODUÇÃO

Esse texto é parte da dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação, mestrado, da área de História e Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da Unicamp, em 1987. Portanto, trata-se de um trabalho realizado há quase vinte anos atrás. Naquela época eram raros os estudos e pesquisas sobre a condição e a educação feminina brasileira. Também se notava ausência de debates em torno da história das mulheres nas discussões acadêmicas. O silêncio sobre as relações de gênero na Faculdade de Educação era desconcertante. Guacira Lopes Louro era uma das poucas educadoras que esboçava seus primeiros conceitos sobre a questão e ainda assim sobre a educação das meninas em colégios do século XX. As pesquisas históricas sobre educação no período colonial eram escassas, girando em torno da Educação Jesuítica.

Instigava-nos o fato de as mulheres brancas, indígenas e negras não terem tido acesso à instrução durante o período colonial. Em 1997 conseguimos publicar um livro desse material, que se encontra esgotado. Vinte anos depois, 2007, o HISTEDBR nos convida para inserir um resumo dos nossos achamentos em suas comemorações. Esperamos que sejam úteis aos leitores interessados.

Subserviências impostas

A história da Educação das mulheres no Brasil é bastante singular. Rara, excepcional e inusitada. Seu percurso entrelaça-se ao caminho bizarro da própria história da colonização brasileira.

Inicia-se na convivência e convergência de senhoras reclusas com meninas órfãs pálidas portuguesas e indígenas libertas, bronzeadas pelo sol tropical. Ainda no mesmo período, quase no seu início, acrescenta-se a esse entrelaçamento, uma terceira mulher: a negra e sua condição de escrava dos donos do poder vigente. Todas são subservientes, em graus menores ou maiores. Apenas a indígena poderá, quando longe das missões religiosas, manter seu grau de independência. O preço da sua liberdade, porém, da sua não submissão à força masculina portuguesa, resultaria, muitas vezes, em sua morte, em sua extinção. Dessa tríade cultural feminina surgiria o molde genetivo da mulher brasileira, que perduraria por mais de trezentos anos. Somente com a vinda de D.João VI, a partir de 1808, seria possível incorporar a essa fôrma inicial, às diversas influências das mulheres imigrantes européias, asiáticas, entre outras. (Cf. AZEVEDO, 1996)

A trajetória da ausência da educação feminina coincide também com a história da construção social dos gêneros, das práticas da sexualidade e da servidão no Brasil. O corpo feminino deveria servir ao português. Miscigenar, verbo muito utilizado para explicar essa mistura, tinha o objetivo de juntar sexualmente corpos de raças e etnias diferentes, em condições sociais igualmente diferentes (Cf.ALGRANTI, 1993). Muitas vezes isso aconteceu à força, sendo que os estupros eram comuns naquele tempo. Ao homem português era dado o direito de usufruir da vida de todos os habitantes da colônia. Esse direito ocorria devido à sua condição de “senhor” da família patriarcal. Aliás, é oportuno explicitar aqui que família vem da palavra latina “famulus” que significa escravos domésticos de um mesmo senhor: mulheres, filhos, crianças, escravos, terras, etc. Eram “bens” pertencentes ao poder dito na época “naturalmente” construído ao deleite do gênero masculino. Temos condição hoje de mencionar aqui que esse poder dado ao homem foi criado à custa das representações que se submeteram outros grupos sociais, inclusive mulheres. (Cf. RIBEIRO, 1997)

Como falar em educação feminina nessas condições tão desiguais?A qual educação estamos nos referindo? Bem, vamos por parte. Em primeiro lugar é necessário mencionar que o letramento, a instrução e a cultura quase inexistiram nesse período para a maioria dos habitantes da colônia. Educar era um ato pedagógico coercitivo, baseado na ação bruta da obediência severa. Em linhas gerais podemos afirmar que durante esses primeiros trezentos longos anos de formação da vida em sociedade no Brasil as mulheres, assim como outros segmentos sociais, estiveram a serviço da manutenção dos interesses de padres e portugueses, calcados na afirmativa de que os “donos do poder” sempre mandaram. (Cf.FAORO, 1979)

É interessante lembrar, nesse momento, que o tipo de colonização que ocorreu no Brasil foi bastante diferenciado do ocorrido nos Estados Unidos, à chamada “Nova Inglaterra”.

No Norte da América, o colono imigrou levando da Inglaterra, sua família, em decorrência da sua expulsão dos campos ingleses. Trazia consigo a mulher, os filhos, a mãe, a sogra, o piano, seus utensílios domésticos e culturais, sua religião, entre outras coisas além do desejo de permanecer naquela terra, transformando-a em seu lar. Ao se fixar, construía junto com os outros colonos, sua casa, sua igreja protestante, seu local de lazer e sua escola. O colono americano tinha interesse em que seus filhos adquirissem acesso à educação e consequentemente ao conhecimento e a cultura. (Cf. PRADO JR, 1973).

No Brasil, a colonização teve assento em outras bases: O colono português imigrou sozinho. Não trouxe com ele sua mulher, os filhos, a mãe, a sogra. Também não carregou consigo seus utensílios domésticos, seus instrumentos musicais, sua cultura. O nobre veio a mando do Rei como convidado a ser parceiro de um negócio lucrativo. Não tinha interesse em fixar-se nessas terras pertencentes à Coroa Portuguesa. Construir escolas, locais de lazer, clubes, igrejas, transformar a colônia em um lar eram objetivos fora de cogitação. Seu lar era Portugal. Os padres de sua religião se encarregariam de construir igrejas.

Não havendo interesse na educação, no amor as letras, na criação de escolas, a educação ficaria a cargo dos jesuítas apenas no que diz respeito à catequese e o ensino de primeiras letras e com o intuito inicial de pacificar indígenas. O colonizador não compactuou dessas ações evangelizadoras. A Coroa protuguesa é quem compactuava com os padres jesuítas, na subserviência dos indígenas decorrentes da catequisação jesuítica. O português estaria na colônia para tratar de “negócios”. Seu lar era, com certeza, há oito mil kilometros, em terras lusitanas e sua família permaneceria lá a espera do navegante e suas conquistas materiais. As colônias existiriam para a extração de bens que enriqueceriam o Reino Português. Seu único objetivo era apenas a obtenção do lucro, através do escambo, da troca de Pau-Brasil, da cana-de-açúcar, já que de início os portuguêses não tiveram a mesma sorte dos espanhóis, ou seja: de acharem prata, ouro ou esmeraldas. (Cf. PRADO JR, 1983) A construção dos engenhos tinha finalidade econômica.






Evas ou Marias? As mulheres na literatura de cordel: preconceitos e estereótipos

Autora: Maria Ângela de Faria Grillo


Resumo

Este artigo tem como objetivo estabelecer as diversas maneiras como as mulheres aparecem no imaginário dos poetas de cordel nordestinos na primeira metade do século XX, e qual o papel que elas representavam para a sociedade da época. Percebe-se, nos folhetos, a recriação de imagens anti-heroínas, de mulheres malcriadas e falsas, como também de mulheres puras de boa conduta, identificadas como Eva ou Virgem Maria, respectivamente. Nesse sentido, fica evidenciada a presença de uma cultura misógina que permeia as representações femininas em distintas linguagens nos diversos segmentos sociais.

Revista Esboços - ISSN da versão impressa 1414-722x e ISSN eletrônico 2175-7976 - Florianópolis - SC - Brasil

Click aqui e acesse o texto em pdf

terça-feira, 14 de agosto de 2012

4º SEMINÁRIO SOBRE INFORMAÇÃO NA INTERNET, 3º GeCIC e 10º WORKSHOP BRASILEIRO DE I.C. E GESTÃO DO CONHECIMENTO

Brasília/DF - PARLAMUNDI


19 de novembro de 2012 – 21 de novembro de 2012

Desde 2006 o IBICT vem realizando o Seminário sobre Informação na Internet que tem contado com presença massiva de representantes do governo, da iniciativa privada e da academia. Temas como a banda larga no Brasil, transparência governamental, gestão da informação pessoal, os jovens e as midias digitais, a privacidade e as redes sociais, acesso aberto e direitos autorais, o livro eletrônico no Brasil, a etiquetagem social e a folksonomia, e a preservação digital, entre outros, tem merecido destaque no evento.

Na medida que o governo e a iniciativa privada se integram para discutir essa temática atualizada quem ganha é a sociedade brasileira, pois a maioria desses temas acabam saindo de uma discussão teórica para se tornarem produtos sociais. Alem dos representantes brasileiros devemos destacar os consultores internacionais que trazem as valiosas experiências existentes em outros paises e que através de um estudo comparativo passam a integrar o modelo brasileiro de informação sobre a internet.


Para saber mais sobre o evento, acesse:
http://si2012.ibict.br/index.php/2012/4SI.




segunda-feira, 13 de agosto de 2012

RASCUNHOS...

No dia 30 de março completei 50 anos. Isso faz a gente pensar... No espaço de 50 anos muitas coisas extraordinárias aconteceram, o homem foi à lua, a criação da fórmula da pílula anticoncepcional - uma revolução no mundo feminino - a queda do Muro de Berlim, a prisão e liberdade de Nelson Mandela, a Revolução Cubana, as mortes de John Kennedy e Martin Luther King, a criação da Internet e da Web,  a cientista norte-americana Barbara McClintock  que recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina pela  sua espetacular descoberta no campo genético: os "genes saltadores", a eleição e reeleição do primeiro operário a presidência da república brasileira, Lula Inácio da Silva, o Brasil tri, tetra e pentacampeão, o primeiro presidente afrodescendente da história do Estados Unidos, Barack Obama, a primeira mulher presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, três mulheres dividem o Prêmio Nobel da Paz:  à presidenta da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, à sua compatriota Leymah Gbowee e à ienemita Tawakkol Karman, distinguindo o papel das mulheres na resolução dos conflitos.

Aprendi que o melhor da vida é vivê-la em plenitude! Nessa caminhada, muitas pessoas fizeram parte dela, pessoas cometas e pessoas estrelas. Os cometas apenas deixam rastro. As estrelas permanecem. Eu tenho a sorte de ter algumas estrelas na minha vida!

Minha qualificação de doutorado...

 
         Desde meus tempos de universitária sempre ouvir dizer que o  doutorado era fruto de um trabalho solitário. Com certeza essa afirmação não se aplica ao projeto de tese que apresentei na minha qualificação e que sem duvida foi um trabalho de parceria com minha orientadora. Fizemos a opção por investigar a trajetória feminina na prática e na gestão da pesquisa em C&T em Saúde no Brasil a partir de uma instituição de ensino e pesquisa, no caso, a Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. Entender como a participação feminina se deu nos anos recentes e como marcaram as mudanças significativas no campo do direito das mulheres, particularmente, no campo da saúde, como prática e como pesquisa. E a Fiocruz é, seguramente, um campo fértil para empreender discussões dessa natureza.
Antes de minha qualificação, participei do Fórum Equidade de Gênero, realizado em 15 de junho, no Espaço Humanidade 2012, no Forte de Copacabana. Sem dúvida, a rica discussão me deu o aporte necessário para minha apresentação. Chamou-me a atenção o discurso de Eliane Belfort, diretora-titular do Comitê de Responsabilidade Social (Cores) da Fiesp. Na opinião de Eliane, reconhecer que existe o preconceito é o primeiro passo para almejar a equidade de gênero, ou seja, a igualdade de oportunidades e de tratamento entre homens e mulheres nas empresas, instituições e organizações pública. “Algo que o Brasil ainda não aprendeu a fazer”.
      O  dia de minha qualificação, 27 de junho,  foi um divisor de águas. Hoje, aos 50 anos, posso dizer que, de fato, sou pesquisadora. Até os dias que antecederam a qualificação eu estava muitíssimo ansiosa, mas no dia fiquei tranquila, afinal queria muito saber a opinião da banca sobre meu projeto e quais os próximos passos a tomar. Fiquei muito satisfeita com o resultado obtido. A banca de qualificação avaliou o trabalho intitulado “A Trajetória feminina na pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz: um estudo exploratório”. Participaram da minha banca, além de minha orientadora, Maria Cristina Soares Guimarães, e coorientador, Francisco Inácio Bastos, as professoras doutoras Jaqueline Leta da UFRJ e Cícera Henrique da Silva do Icict.
        


O projeto original, primeira etapa da pesquisa, se constituiu em artigo que tem como objetivo contribuir na construção da memória em ciência e tecnologia em saúde brasileira sob o prisma da equidade de gênero, a partir do acervo de Obras Raras da Fiocruz.
Paravalidação dos dados, encaminhei o projeto para o Comitê de Ética. Foi aprovado. A metodologia proposta consiste na utilização de dados secundários. Os dados coletados serão tabulados e analisados com o objetivo de produzir conhecimento (dados estatísticos/ informações numéricas/indicadores).



domingo, 12 de agosto de 2012

Mulheres viajantes no século XIX

RESUMO:

A partir de um estudo sobre a minúcia na História da Arte, este artigo focaliza as autoras dos livros de viagens, procurando identificar, no momento em que vieram ao Brasil, seu papel, as diferenças existentes entre elas, os distanciamentos e descontinuidades de significado apresentados em seus testemunhos.


CLICK AQUI  e acesse o texto completo.

Programa Mulheres Mil

O que é

O Mulheres Mil está inserido no conjunto de prioridades das políticas públicas do Governo do Brasil, especialmente nos eixos promoção da eqüidade, igualdade entre sexos, combate à violência contra mulher e acesso à educação. O programa também contribuiu para o alcance das Metas do Milênio, promulgada pela ONU em 2000 e aprovada por 191 países. Entre as metas estabelecidas estão a erradicação da extrema pobreza e da fome, promoção da igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres e garantia da sustentabilidade ambiental.

Integrado a essas prioridades, o Mulheres Mil tem como objetivo promover até 2010 a formação profissional e tecnológica de cerca de mil mulheres desfavorecidas das regiões Nordeste e Norte. A meta é garantir o acesso à educação profissional e à elevação da escolaridade, de acordo com as necessidades educacionais de cada comunidade e a vocação econômica das regiões.

Estruturado em três eixos - educação, cidadania e desenvolvimento sustentável - o programa possibilitará a inclusão social, por meio da oferta de formação focada na autonomia e na criação de alternativas para a inserção no mundo do trabalho, para que essas mulheres consigam melhorar a qualidade de suas vidas e das de suas comunidades.

Executado em sistema de cooperação entre os governos brasileiro e canadense, no Brasil, é implementado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec/MEC), Assessoria Internacional do Gabinete do Ministro (AI/GM), Agência Brasileira de Cooperação (ABC), os Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets), Escola Técnica Federal, Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica (Redenet) e o Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Concefet). O governo canadense é representado pela Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA/ACDI) e a Associação do Colleges Comunitário do Canadá (ACCC) e Colleges parceiros.

Em 2009, a Setec tem como meta expandir o programa para outras regiões do País, visando transformá-lo em uma política pública a ser implementada em todos os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets) do país, ampliando a oferta para as mulheres desfavorecidas do Brasil.

VISITE A PÁGINA: /http://mulheresmil.mec.gov.br/

sábado, 4 de agosto de 2012

As mulheres e a ciência - Las mujeres y la ciencia

Autora: Ivone Job

Resumo:  O presente estudo traz um panorama da presença feminina na distribuição de prêmios, principalmente do Premio Nobel, que ilustra a trajetória das pesquisadoras, cientistas num mundo de representação predominantemente masculina. Este é o pano de fundo para abrir espaço às manifestações de cientistas brasileiras atualmente com destaque na ciência internacional. Observa-se que há possibilidades de crescimento dessa representação ao levarmos em consideração a distribuição de bolsas solicitadas e concedidas pelo CNPq às mulheres brasileiras pesquisadoras.

Fonte:  EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 158 - Julio de 2011

Mulheres cientistas ainda sofrem com estereótipos no meio acadêmico

Matéria de: Pablo Nogueira, "Unesp Ciência"

Em 1906, um atropelamento tirou a vida do cientista francês Pierre Curie. A tragédia causou comoção, pois, três anos antes, ele e sua mulher, Marie Salomea Curie, haviam sido contemplados com o Nobel de Física. Sua morte foi registrada pelo jornal norte-americano The New York Times num elogioso artigo, no qual Marie apareceu como “assistente” do marido. Aparentemente, nem o fato de ela ter sido a primeira mulher laureada convenceu o jornalista de que ela pudesse ter feito uma contribuição relevante na investigação de ponta...

Click aqui para o link da matéria: http://glo.bo/hRDZyU

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Mestrado e doutorado 2013: inscrições a partir de 6/8

Estão abertas, a partir de segunda-feira (6/8), as inscrições para a seleção pública 2013 dos programas de pós-graduação stricto sensu em Saúde Pública, Saúde Pública e Meio Ambiente, e Epidemiologia em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz). As inscrições só poderão ser feitas pela internet, na Plataforma Siga, até 24 de agosto. Os usuários devem conferir atentamente as referências bibliográficas indicadas - e atualizadas nas páginas dos cursos - para cada um dos programas de pós-graduação da ENSP

LINK PARA ESTA MATÉRIA:

http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/30778

Cientista Maria Deane, uma mulher à frente do seu tempo

FONTE: AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS

Matéria de: Bel Levy

A contribuição científica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) da Fiocruz é resultado do esforço cotidiano de pesquisadores empenhados no enfrentamento de importantes problemas de saúde pública – homens e mulheres que, em 108 anos de história, contribuíram para a produção de conhecimento na área da saúde e firmaram-se como ícones da ciência brasileira. É o caso da protozoologista Maria Deane (1916-1995), que registrou significativas descobertas sobre leishmaniose visceral, malária e doença de Chagas durante sua carreira científica, iniciada em 1936, no Pará, sua terra natal. Em julho deste ano, o IOC prestou uma homenagem à pesquisadora por sua extensa contribuição científica, com a inauguração do Auditório Maria Deane, localizado no pavilhão que recebe o nome de seu marido e colaborador científico, Leonidas Deane.


 Decidida e de personalidade forte, Maria Deane é reconhecida pela postura rígida com que sempre defendeu valores como humildade e solidariedade e lutou contra injustiças (Foto: Arquivo pessoal)
Decidida e de personalidade forte, Maria Deane é reconhecida pela postura rígida com que sempre defendeu valores como humildade e solidariedade e lutou contra injustiças (Foto: Arquivo pessoal)  

Uma das mais importantes descobertas da pesquisadora Maria Deane foi registrada em 1984, quando ela atuava como chefe do então Departamento de Protozoologia do IOC. O estudo descreve pela primeira vez o duplo ciclo de multiplicação do agente etiológico da doença de Chagas, o Trypanosoma cruzi, no gambá, reservatório mais antigo do parasito. Os resultados esclarecem a dinâmica de transmissão oral do parasito por este animal e representam contribuição fundamental para a compreensão da epidemiologia da doença em áreas livres de barbeiros domiciliados.

Mais que uma cientista pioneira, Maria Deane foi uma mulher à frente de seu tempo: na década de 1930, formou-se em medicina, tornou-se cientista e desbravou o interior do país para investigar doenças até hoje negligenciadas. Uma trajetória condizente à sua produção científica extremamente original, que até hoje levanta discussões. Decidida, dona de personalidade forte, Maria Deane não tolerava injustiças. Em sua vida pessoal e durante toda a carreira científica, sempre optou pela defesa de valores como humildade, solidariedade e honestidade.

 Pioneira na área da protozoologia, Maria Deane desbravou o interior do país para investigar importantes problemas de saúde pública (Foto: Arquivo pessoal)
Pioneira na área da protozoologia, Maria Deane desbravou o interior do país para investigar importantes problemas de saúde pública (Foto: Arquivo pessoal)
“Percebi minha vocação para ciência quando, ainda criança, passava tardes inteiras nos laboratórios da Universidade de São Paulo (USP), onde Maria e Leonidas Deane trabalhavam. Cresci com uma visão idealizada do cientista, formada a partir das características que observava em meus tios: o apreço pelo trabalho e o comprometimento com a ciência, independentemente de vaidades pessoais ou status político”, reconhece o sobrinho do casal, o farmacologista Francisco Paumgartten, hoje pesquisador do Laboratório de Toxicologia Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz.

Responsável pela consolidação de unidades de ensino e pesquisa na área da protozoologia em diversas instituições – como o Departamento de Zoologia da USP e o Departamento de Parasitologia da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Carabobo, na Venezuela –, Maria sempre teve a formação de profissionais de saúde como uma preocupação pessoal. O principal exemplo desta motivação é a trajetória de Marcos Antônio dos Santos Lima, motorista da família que se tornou técnico de laboratório por incentivo e investimento da pesquisadora.





“Sempre tive curiosidade sobre a área de pesquisa, mas nunca tive oportunidade de estudar e me dedicar à ciência. Quando percebeu isto, Maria fez questão de me trazer ao laboratório e me ensinar tudo o que sei hoje. Aprendi toda a prática com ela e depois, com o tempo, participei de cursos e capacitações que permitiram que eu me formasse como técnico de laboratório”, conta Marcos, que atua como técnico em pesquisa do Laboratório de Biologia de Tripanossomatídeos do IOC.

“De origem humilde, minha avó enfrentou muitas dificuldades durante a infância. Ela contava que dividia com as duas irmãs um único par de sandálias. Acredito que esta experiência tenha lhe dado o senso de solidariedade e justiça tão marcantes em sua personalidade”, considera Camilo Deane, neto de Maria. “Apesar da postura austera como frequentemente é lembrada, resultado da educação rígida que recebeu da família de origem austríaca, em sua vida pessoal minha avó era uma pessoa carinhosa”, recorda Camilo, destacando o tradicional frango ao curry preparado por Maria aos domingos, ao som de música clássica.

Por uma ciência mais feminina

Fonte:Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz

O aumento da presença e a participação das mulheres nos cursos universitários e de pós-graduação quebram barreiras sociais importantes que as estimulam a competir no mercado de trabalho, onde há o predomínio do homem. Apesar de estar aumentando visivelmente o número de mulheres, tanto em nível de graduação como de pós-graduação, é ainda uma fração pequena delas que consegue posições de destaque na ciência, na tecnologia ou na gestão da ciência.

Há tempos elas começaram a lutar pelos seus direitos até chegarem a uma nova e verdadeira revolução, desta vez científica e tecnológica. No século passado teve uma inflexão histórica que até havia passado despercebida. Nas carreiras biológicas as mulheres descobriram seus talentos, embora nas Engenharias, Física e Matemática ainda são uma expressiva minoria. Na composição das universidades e institutos de pesquisas, a relação homem e mulher não é equilibrada. Onde estão as mulheres cientistas nas academias? É só comparar os números de mulheres cientistas que fazem parte da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina, ou mulheres que foram reitoras ou tiveram uma posição de destaque na área de administração da ciência. Onde elas poderiam estar? Elas dedicam três vezes mais tempo que os homens nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos.

Na ciência as mulheres descobriram grandes coisas e não tiveram nenhum valor para a sociedade. Descobertas fundamentais foram realizadas pelas mulheres. O cientista colega de Lise Meitner ganhou o Prêmio Nobel em 1944 pelos cálculos que permitiram descobrir a fusão nuclear sem mencionar a autora real. Assim foi também o famoso caso de Rosalin Franklin, que fez a fotografia que permitiu revelar a estrutura da dupla hélice do DNA e de Nettie Stevens, que descobriu em 1905 os cromossomos X e Y, que determinam o sexo das pessoas, mas elas não apareceram como coautoras pelo "machismo" existente que acobertava a atividade científica. A Universidade de Harvard nomeou em 2007, pela primeira vez desde sua criação, em 1636, uma mulher para presidir esta prestigiosa instituição. Seu nome é Drew Gilpin Faust, historiadora, que substituiu o Lawrence Summers após ele sugerir que as diferenças inatas entre homens e mulheres explicam por que há menos mulheres que homens de destaques nas áreas da ciência.

A Academia Brasileira de Ciências tem um prêmio para jovens doutoras que desenvolvem trabalhos científicos nas áreas de Ciências Físicas; Ciências Biomédicas, Biológicas e da Saúde; Ciências Químicas; e Ciências Matemáticas. Um dos lemas do prêmio foi "O mundo necessita de Ciência, a Ciência necessita de mulheres". Esta é uma inovação e um importante incentivo para as mulheres pesquisadoras.

Não resta dúvida de que em duas gerações, e sem necessidade de que se aplique uma discriminação positiva, o número de cientistas mulheres crescerá espetacularmente. Por isto, acostumo dizer que elas não são mulheres cientistas, elas são cientistas, não é verdade?

Eloi S. Garcia é pesquisador e ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

*Artigo publicado na editoria País - Sociedade Aberta, do Jornal do Brasil em 31/05/2011

Inepac organiza II Semana Fluminense do Patrimônio 2012 | Jornal O Fluminense

 Encontro acontece em Cabo Frio e Vassouras de 17 a 23 de agosto

Acontece de 17 a 23 de agosto a II Semana Fluminense do Patrimônio 2012: Patrimônio e Sustentabilidade, evento anual organizado por diversas instituições científicas e culturais do Estado do Rio de Janeiro, cujo objetivo é promover a valorização do patrimônio natural e cultural fluminense, ampliando o conhecimento da população sobre o patrimônio de cada município, em suas diversas formas de expressão, fortalecendo, assim, sua memória, identidade e autoestima...

 Ler matéria completa:  Inepac organiza II Semana Fluminense do Patrimônio 2012 | Jornal O Fluminense

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Cresce participação das mulheres no mercado de trabalho na América Latina

Por Carolina Sarres - Repórter da Agência Brasil 
 
Brasília - A participação das mulheres nos postos de trabalho na América Latina e no Caribe cresceu nos últimos vinte anos (entre 1991 e 2011), segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nesse período, a diferença entre os gêneros no mercado teve redução de 4%.
Em 1991, 71,3% dos empregos na região eram ocupados por homens e 39,6% por mulheres. Em 2011, o percentual de mulheres cresceu para 42,7%. Ainda assim, o gênero feminino continua sendo minoria no mercado de trabalho.
A coordenadora da área de Direitos Econômicos da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), Ana Carolina Querino, disse à Agência Brasil que o equilíbrio entre as tarefas domésticas e a vida profissional ainda é um fator que dificulta a inserção das mulheres no mercado de trabalho.
“Nós ainda vivemos em um contexto onde a cultura reforça a divisão sexual do trabalho: as mulheres ainda estão associadas às tarefas de reprodução e cuidado. A fase da vida também pode atuar como um fator de dificuldade de acesso das mulheres ao mercado de trabalho: mulheres em idade fértil e com filhos pequenos são consideradas menos competitivas”, explicou a coordenadora da ONU Mulheres.
Para Ana Carolina, a dificuldade de superar a lacuna de gênero no mercado tem como consequência o não aproveitamento pleno da força de trabalho disponível, o que diminui a capacidade de geração de riqueza na economia do país.
“Apesar dos avanços, ainda é necessário o estabelecimento de políticas públicas que facilitem a inserção da mulher no mercado, tais como creches e lavanderias públicas. Mas o desenho e a implementação eficaz de políticas que visem à conciliação entre trabalho e família sozinho não resolverá o problema. Ele deve vir acompanhado de uma mudança cultural, onde os homens exerçam cada vez mais os papéis de cuidado que hoje em dia são quase exclusivamente associados às mulheres”.