quarta-feira, 31 de outubro de 2012

XIII ENANCIB


 

Entre os dias 29 e 31 de outubro de 2012, participei do XIII ENANCIB 2012 - ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO -  que apresentou a temática “A sociedade em rede para a inovação e o desenvolvimento humano”. O ENANCIB  foi realizado no  Centro de Convenções SulAmerica  - Cidade Nova - Centro - Rio de Janeiro - RJ, nos dias 28, 29, 30 e 31 de outubro de 2012. A abertura contou com a palestra da pesquisadora uruguaia Judith Sutz, que falou sobre “Conhecimento, inovação e inclusão social. Potencialidades e limites da sociedade em rede”. Além das apresentações nos GTs, houve a exibição de pôsteres digitais no mezanino do 1º andar do Centro de Convenções.

Apresentei trabalho no GT 11: Informação e Saúde na modalidade comunicação oral, sob o título: GÊNERO E GESTÃO EM CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO EM SAÚDE: UM  OLHAR EXPLORATÓRIO NA FIOCRUZ.

Autoras:
JEORGINA GENTIL RODRIGUES – FIOCRUZ - MARIA CRISTINA SOARES GUIMARÃES – FIOCRUZ


Link para os Anais Digitais

 

Resumo: Esta pesquisa tem como tem por objetivo dar visibilidade à participação feminina nos cargos de tomada de decisão em C&T, especificamente a partir da Constituição Federal de 1988 até 2012. Toma-se como objeto de estudo a Fundação Oswaldo Cruz, uma das principais instituições científicas do país. Será realizado um mapeamento da contribuição feminina para o desenvolvimento das pesquisas em C&T em Saúde em âmbito nacional e internacional. Os dados coletados serão armazenados e estruturados em uma base de dados de forma a proporcionar posteriormente a utilização do software VantagePoint, que permitirá fazer análises quantitativas clássicas da cientometria, traçar redes de cooperação entre mulheres, os temas de pesquisa e evolução ao longo do tempo, parcerias nacionais e internacionais, dentre outros. Como resultado final, a expectativa é propor um modelo de banco de dados capaz de registrar dados e indicadores sobre a equidade de gênero na Fundação Oswaldo Cruz.

Prevendo o futuro



Feito em 1954 (há 58 anos atrás), prevendo o futuro. Naquela época, as pessoas deveriam achar que era [WINDOWS-1252?]“viagem” da General Eletric.
Fonte: youtube.com

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

INFORMES

Realizei duas visitas técnicas (agosto e outubro de 2012) a Biblioteca do Ministério da Saúde - MS, Brasília, DF, com o objetivo de avaliar o acervo  que se encontra localizado no subsolo do edifício anexo do MS. Foram avaliados 515 títulos, entre livros e periódicos, com cerca de  3 mil volumes.
 
 
 
 
 
 

HUMOR


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

IX CECI



O Sistema de Bibliotecas e Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SiBI) realiza nos dias 4 e 5 de dezembro de 2012, o IX CECI – Ciclo de Estudos em Ciência da Informação. O tradicional evento, promovido desde 1987, que nas últimas edições extrapolou as fronteiras da Universidade, congrega além de bibliotecários e profissionais da informação, docentes e estudantes de várias instituições públicas e privadas a nível nacional.
A comemoração, em 2012, dos 120 anos de nascimento e 40 de morte de Shiyali Ramamrita Ranganathan, serve de fio condutor para a nona edição do ciclo de estudos, pois representa uma excelente oportunidade de por em foco a extensa obra desse ícone da Biblioteconomia mundial sob a luz de uma nova era de tecnologias de informação e comunicação.
O principal objetivo do IX CECI é estimular a reflexão a respeito da realidade das bibliotecas brasileiras, sobretudo, nas de instituições envolvidas diretamente com a pesquisa. Proporcionando, dessa forma, a identificação e disseminação das boas práticas desenvolvidas nas unidades de informação participantes.
A estrutura planejada para os dois dias de evento apresenta duas palestras de especialistas; três mesas temáticas; uma exposição das boas práticas nas bibliotecas da UFRJ e 15 trabalhos que serão selecionados por renomada comissão técnico-científica.
 
SUBMISSÃO ATÉ 31 DE OUTUBRO DE 2012 !
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

FICHAMENTO 7


Fichamento de:

BIAGIOLI, M. Aporias of Scientific Authorship: credit and responsibility in contemporary biomedicine. In: BIAGIOLI, M. (Ed.). The Science Studies Reader. New York: Routledge, 1999. p. 12–30.

Os critérios de autoria propostos pelo Comitê Internacional de Editores de Periódicos Médicos (ICMJE) embora aceitos por grande número de editores de periódicos científicos, nem sempre são reconhecidos pelos pesquisadores. Na última década, a definição de autoria tem sido o tema de muitos artigos e cartas ao editor científico em revistas biomédicas. A posição oficial do ICMJE é que a autoria deve ser estritamente individual, com total responsabilidade pelo que foi publicado, rompendo a noção de autoria múltipla, tornando-a um conjunto de autores distintos, cada um responsável por completo. Estas conduzem a questionamentos acerca da concepção de autoria, em artigos de periódicos. Mas as normas de autoria do ICMJE vêm sendo discutidas, pois a complexidade da ciência de hoje tem exigido que especialistas de áreas muito diversas participem dos projetos. Nem todos esses especialistas têm condições de entender e assumir responsabilidade sobre o trabalho final, embora sua participação possa ter sido crucial. Da mesma forma, fica muito difícil aplicar os critérios a trabalhos multiinstitucionais, às vezes de países diferentes. Com efeito, alguns editores de revistas estão clamando por uma mudança de paradigma na definição de autoria, enquanto outros editores argumentam que "é tempo de abandonar a autoria". E, em meio dessa discussão uma questão mais complexa: a propriedade intelectual. Entretanto, diante da multiplicidade de recursos tecnológicos inseridos na cultura contemporânea e das infindas transformações daí advindas, de caráter social, cultural, econômico e político, a atividade de autoria também sofre mutações. Biagioli (1999) discute a respeito da autoria e da individualidade da mesma. Observa-se que tal discussão não é exclusividade da modernidade, pois segundo o autor antes do que hoje se conhece como propriedade intelectual, antes, no século XVII a responsabilidade por publicações era bastante importante saber a autoria, principalmente dos casos considerados abusivos para a época. O autor nem sempre foi visto como alguém criativo, mais um a pessoa responsável pelo o que estava divulgando, tendo que arcar com os ônus ou bônus do que publicou. O autor começa a tratar dos casos de direitos dos “autores” como detentores de patentes e chama a atenção para a situação dos sistemas de recompensas - crédito científico (posse e bolsas) e a economia de mercado      (propriedade privada e da responsabilidade) - que tem surgido no campo autoral da ciência contemporânea. Tal sistema, de acordo com o texto, pode fazer com que autorias sejam trocadas por créditos a serem utilizados pelos reais autores da forma que lhes provém. Mas, a discussão se desenvolve denunciando que o crédito ganho pelo autor não pode ser substituído ou transferido para outrem. Contudo, é bastante discutida a questão do domínio público do conhecimento em contraponto com a recompensa da ciência pela economia liberal. O autor também discute a respeito da coerência que deve ser mantida na verdade científica apesar da lógica liberal. O crédito científico deve ser honorífico e não monetário, para que não se torne algo mercadológico. Porém, observa-se por parte de alguns cientistas a insatisfação do reconhecimento ser apenas honorífico, porque a lógica econômica atual é monetária e daí que se reconhece o valor na atualidade. Atualmente o autor é visto como um passivo financeiro, onde o produtor não é o autor, mas a empresa que pagou pelo se trabalho. Na realidade o que parece é que o autor perde a autonomia em suas descobertas e passa a ser induzido a realizá-las. Lembrando que ainda existem questões de domínio público, além das que avaliam situações de fraudes científicas. Outra discussão de Biagioli (1999) é sobre a co-autoria e parcerias autorais na biomedicina. Apesar desse tipo de parceria ainda não ser tão expressiva tem se notado um crescente movimento nesse sentido pela necessidade de profissionais de múltiplas habilidades, já que os projetos no campo da biomedicina são muito grandes e necessitam de equipes colaborativas de conhecimentos diversos. Essa colaboração entre autores poderia, de acordo com o artigo, ter possibilitado a distribuição de créditos nos programas de pesquisa colaborativa, trazendo um perfil científico empresarial. Com relação a isso, o que tem acontecido é a negociação de créditos de autoria o que não pode ser aceito no campo das ciências. Além disso, todos os autores de um trabalho devem ter a mesma participação na pesquisa, portanto todos terão a mesma responsabilidade na sua divulgação e nos seus resultados. O autor também discute sobre as situações de fraude relacionadas à geografia da autoria e sobre as questões políticas, econômicas e judiciais envolvidas nos casos de propriedade intelectual, apontando as falhas e os pontos positivos. Com relação à co-autoria existem também os casos de pesquisadores que se unem em uma espécie de consórcio para garantirem que seus trabalhos sejam publicados em revistas de maior prestígio e ficarem conhecidos no cenário científico. Essas manobras fazem com que a questão da responsabilidade autoral seja posta em risco, pois os créditos passam a ser mais necessários em suas carreiras. Além dessas discussões o autor discute a situação da compactação entre o tempo, espaço e trabalho científico, nesse momento o autor divaga sobre a criatividade que envolve o trabalho cientifico e como o mesmo vem se adaptando ao longo do tempo por conta das questões autorais e econômicas. Finalizando, o autor reconhece que a autoria (científica ou não) sempre foi uma questão de compromissos e negociações, e que não surgiram novas condições de mudar isso.

Notícias - Fazendo Gênero 10

A Revista Estudos Feministas, publicada pela Universidade Federal de Santa Catarina, promoverá o evento “Militância e Academia nas Publicações Feministas”, em comemoração aos seus 20 anos, nos dias 7, 8 e 9 de novembro.
Convida a todas e todos a participarem do evento e a trazerem suas publicações feministas. O prazo para inscrição de lançamentos, tanto de livros quanto de revistas, vai até o dia 20 de outubro. É preciso apenas encaminhar a ficha anexa ao e-mail 20.anos.ref.lancamento@gmail.com.

 
 
FG10: Estão abertas a inscrição para propor ST no Fazendo Gênero 10: Desafios Atuais dos Feminismos. As normas e orientações estão disponíveis no menu Inscrições. As propostas podem ser encaminhadas, através do sistema, até o próximo dia 15 de outubro.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Direitos Humanos, Saúde e Movimentos Sociais


Nos dias 8 e 9 de outubro, participei  do seminário Diálogos entre a Academia e os Movimentos Sociais: uma reflexão sobre a agenda política dos movimentos de mulheres, LGBT e de direitos humanos que discutiu a importância dos movimentos sociais na disseminação e apropriação do conhecimento pela sociedade. O evento foi  aberto ao público e  realizado no salão internacional da ENSP/Fiocruz.
 
 As mesas
 
 No dia 8 de outubro, pela manhã, a primeira mesa do seminário contou com a presença do Deputado Federal, Jean Wyllys, e da representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Hildete Melo. Na parte da tarde, a outra mesa foi formada com a participação da doutoranda de Serviço Social da UFRJ Roseli Rocha e do docente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Marco José Duarte. O primeiro dia do evento debateu a igualdade de direitos constitucionais entre heterossexuais e homossexuais.
No dia  9 de outubro, a mesa  contou com a participação do consultor em Gênero e Masculinidades, Marcos Nascimento, e da representante da Associação de Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro (Astra-Rio), Barbara Aires. Esta mesa abordou a violência de gênero e a luta por direitos protagonizada por transexuais.
 O seminário foi organizado pela coordenação do curso de especialização Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos do Grupo Direitos Humanos e Saúde (Dihs/ENSP).
 
 

REFLEXÃO: 2012

 
 
Fonte: http://www.tarotdoor.com/http://www.tarotdoor.com/

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Mostra relativa à Virtude da Humildade

Link para o vídeo produzido pela TV Brasil sobre a Mostra relativa à Virtude da Humildade, em cartaz na Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional:
 

 
Endereço: Av. Rio Branco, 219 – Centro - Rio de Janeiro-RJ .
 
 
 

FICHAMENTO 6


LÉVI-STRAUSS, Claude.  Raça e História. São Paulo: Abril Cultural, 1980. p. [53]-93. (Os Pensadores, 50).

A contribuição de Lévi-Strauss, com “Raça e História”, foi oferecer um argumento capaz de remediar um grave problema da doutrina anti-racista da Unesco. A solução propagada por Lévi-Strauss consistiu em demonstrar que a habilidade para realizar progressos culturais não estava ligada à superioridade de uma sociedade em comparação a outras, mas, ao contrário disso, à aptidão de cada um para estabelecer intercâmbios mútuos com outros. Assim, ao tornar os intercâmbios a condição fundamental do progresso, “Raça e História”, estava em perfeita harmonia com a ideologia da cooperação, cuja divulgação a Unesco desejava promover.  Em “Raça e História”, Lévi-Strauss diz que não se pode falar em contribuições das raças a civilização, quando se pretende lutar contra os preconceitos raciais e explica que fazer isto seria caracterizar as raças biológicas por propriedades psicológicas particulares, o que nos afastaria da verdade científica, mesmo que estivéssemos definindo-as positivamente, O "pecado original da antropologia" consiste na confusão entre noção puramente biológica e produções sociológicas e psicológicas das culturas humanas. Mas dizer que as contribuições culturais não têm nenhuma relação com a constituição anatômica e fisiológica não elimina a diversidade de sociedades e civilizações. Tal diversidade das culturas humanas, diz Lévi-Strauss, corre o risco de ver os “preconceitos racistas, apenas desenraizados da sua base biológica, voltarem a formar-se num novo campo”. Lévi-Strauss defende que negar que existam "aptidões raciais inatas" também não resolve o problema levantado pela civilização do homem branco, que alcançou progresso notável enquanto outras raças permaneceram e permanecem atrasadas: e necessário, então, ir além da negativa e nos "debruçarmos" sobre outro aspecto, o da desigualdade – ou diversidade das culturas humanas.  Quando Lévi-Strauss fala em diversidade de culturas humanas pode-se considerar sociedades contemporâneas ou sociedades que se desenvolveram no passado:  "a diversidade das culturas humanas é de fato no presente, de fato também de direito no passado, muito maior e mais rica do que tudo o que estamos destinados a conhecer a seu respeito". Mas reconhecer estas limitações não e suficiente: nas sociedades humanas existem “[...] forças que trabalham ao mesmo tempo em direções opostas, umas tendendo para a manutenção e mesmo e mesmo para a acentuação dos particularismos, outras agindo no sentido da convergência e da afinidade” (p.56).  O estudo da linguagem oferece exemplos de tais fenômenos. E mais, há as relações recíprocas e a diversificação interna “[...] não tende a aumentar quando a sociedade se torna, sob outras relações, mais volumosa e mais homogênea [...]”(p.56). A diversidade adverte o autor, não deve ser "uma observação fragmentadora ou fragmentada": ela existe em função das relações que une os grupos, muito mais do que o isolamento destes.  A diversidade das culturas não e considerada como um fenômeno natural, diz Lévi-Strauss: "a noção de humanidade, a englobar sem distinção de raça ou de civilização todas as formas da espécie humana, apareceu muito tardiamente, e teve expansão limitada". Mas a simples afirmação de igualdade natural para todos contém algo de enganoso, para o autor: não é possível por de lado, simplesmente, a diversidade que existe de fato porque não e possível admitir o homem realizando sua natureza numa humanidade abstrata. Ao contrario, o homem se realiza em culturas tradicionais e as modificações se explicam em função de situações definidas no tempo e espaço. Lévi-Strauss critica o "falso evolucionismo" como uma "tentativa para suprimir a diversidade das culturas, fingindo reconhecê-las plenamente": a humanidade deve tornar-se una e idêntica em si mesma.  O que existe como diversidade não passa de etapas ou estágios de um único desenvolvimento. O autor traça uma diferença entre evolucionismo biológico do "pseudo evolucionismo", advertindo que quando se "passa de fatos biológicos para fatos culturais as coisas mudam". O evolucionismo biológico esta provavelmente carreto para raças e animais, diz o autor, mas não tem a mesma relação na evolução social e cultural. Pois, argumenta Lévi-Strauss, como vamos desenterrar crenças, gostos de um passado desconhecido ou como vamos considerar que um machado dá origem física a outro machado? Lévi-Strauss critica e evolucionismo que procura estabelecer analogias entre culturas comparando-as com a civilização ocidental: pois as tentativas de conhecer a riqueza e a originalidade das culturas humanas, e de reduzi-las ao estado de replicas desigualmente atrasadas da civilização ocidental, se chocam com outra dificuldade.  As sociedades humanas têm atrás de si um passado que e aproximadamente da mesma ordem de grandeza. Há se pode admitir a ideia de etapas do desenvolvimento porque as culturas não são estáticas, não existem "povos sem história", existem povos do qual não conhecemos o passado. Lévi-Strauss admite uma concepção que distingui duas espécies de história para interpretar a diversidade: uma história progressiva, aquisitiva e outra história sem este dom sintético. A hipótese de uma evolução para hierarquizar culturas contemporâneas em números casos foi desmentida pelos fatos quando se pretendia estabelecer analogias. Do mesmo modo, os fatos demonstram que não se podem traçar esquemas para sociedades que nos precederam no tempo: "o desenvolvimento dos conhecimentos pré-históricos e arqueológicos tende a desdobrar no espaço formas de civilização que estávamos levados a imaginar como escalonadas no tempo", diz Lévi-Strauss para acrescentar em seguida que o progresso se da aos saltos, não linearmente, tendo sempre vários caminhos que pode percorrer. A História pode ser cumulativa, em alguns casos, o que "não é privilégio de uma civilização ou de um período histórico", diz o autor, exemplificando com á América, aonde se desenvolveram culturas com História acumulativa.  Para Lévi-Strauss, considerar a América como exemplo de História cumulativa é fruto de um interesse do homem ocidental em aproveitar certas contribuições dos Índios Americanos, diz Lévi-Strauss, pois a tendência e considerarmos os aspectos de uma cultura que tem significação para nós, qualificando-a de "cumulativa". Mas quando a linha de desenvolvimento de uma cultura nada significa para nós, nós a qualificamos de estacionária. "Todas as vezes que somos levados a qualificar uma cultura humana de inerte ou de estacionária, devemos, pois, nos perguntar se este imobilismo aparente não resulta da nossa ignorância sobre os seus verdadeiros interesses, conscientes ou inconscientes, e se, tendo critérios diferentes dos nossos, esta cultura não é, em relação a nós, vítima da mesma ilusão” (p.73). Esta atitude nos leva a apreendermos a historicidade de uma cultura não de acordo com suas propriedades intrínsecas, mas sim de acordo com o número e a diversidade de nossos interesses que estão engajados nelas. Com isto, Lévi-Strauss quer dizer que não devemos confundir com imobilismo a nossa ignorância dos interesses verdadeiros de uma cultura, ao mesmo tempo em que esta por ser dotada de critérios diferentes, tem o mesmo julgamento de nós. Ou nas palavras do autor: "pareceríamos uns aos outros como desprovidos de interesse, muito simplesmente porque não nos assemelhamos". A originalidade das culturas, diz Lévi-Strauss, "reside mais na sua maneira particular de resolver problemas, de por em perspectivas valores, que são aproximadamente os mesmos para todos os homens: pois todos possuem uma linguagem, técnicas, arte, conhecimentos de tipo cientifico, crenças religiosas", ainda que dosados de maneiras diversas. Para Lévi-Strauss o fenômeno da universalização da civilização ocidental é difícil de ser avaliada: “Primeiro, a existência de uma civilização mundial é um fato provavelmente único na história e cujos precedentes deveriam ser procurados numa pré-história longínqua, sobre a qual não sabemos quase nada. Em seguida, reina uma grande incerteza sobre a consistência do fenômeno em questão. Na verdade desde há século e meio, a civilização ocidental tende, quer na totalidade, quer para alguns dos seus elementos-chave como a industrialização, a expandir-se no mundo; e que, na medida em que as outras culturas procuram preservar algo de sua herança tradicional, esta tentativa reduz-se geralmente às superestruturas, isto é, aos aspectos mais frágeis e que podemos supor serem varridos pelas profundas transformações que se verificam” (p.77-78).  Adesão ao gênero de vida ocidental se da em desigualdade de forças o que leva a Lévi Strauss considerar que as sociedades não se entregam com tanta facilidade e que esta adesão se deve mais a uma ausência de escolha. E Lévi-Strauss constata o quanto dependemos ainda das imensas descobertas que marcou o que se denomina, sem qualquer exagero, a "revolução neolítica"- agricultura, criação, cerâmica e tecelagem. Lévi-Strauss descarta a possibilidade do acaso nas grandes invenções da humanidade no passado e diz que a revolução industrial e cientifica do Ocidente "se inscreve totalmente num período igual a cerca de meio milésimo da vida passado da humanidade". E nos convida s a sermos modestos antes de pensarmos que ela esta destinada a mudar-lhe totalmente o significado ou reivindicarmos prioridades para uma raça, uma região ou uma pais: "e se, como é verossímil, ela deve estender-se totalidade da terra habitada, cada cultura introduzira nela tantas contribuições particulares que o Historiador dos futuros milênios, legitimamente, considerará fútil a questão de saber quem pode, dentro de um ou dois séculos, reclamar a prioridade para o conjunto. Lévi-Strauss diz que a diferença entre culturas não pode ser cumulativa ou não, conceito que além de depender do relativismo de nossos interesses e negado ainda pelo fato de que: “A humanidade não evolui num sentido único. E se, num certo plano, ela parece estacionaria ou mesmo regressiva isso não significa que, de outro ponto de vista, ela não seja o centro de importantes transformações” (p.86). O principal absurdo de considerarmos uma cultura superior a outra, diz Lévi-Strauss, consiste no fato de que a medida que uma cultura esta sozinha ela elabora muito pouco de História acumulativa: "nenhuma cultura esta só; ela é sempre capaz de coligações com outras culturas, e isso que lhe permite edificar séries cumulativas. A possibilidade que tem uma cultura de totalizar este conjunto complexo de invenções de todas as ordens que chamamos civilização e função do número e da diversidade das culturas com que ela participa na elaboração – na maioria das vezes involuntária – de uma estratégia comum. Não se pode, portanto fazer uma lista das invenções particulares diz Lévi-Strauss, porque a verdadeira contribuição das culturas esta no afastamento diferencial que elas apresentam entre si; civilização implica coexistência de culturas que ofereçam entre si o máximo de diversidade, e consiste mesmo nessa própria coexistência. "Neste sentido, podemos dizer que a história cumulativa é a forma característica de história desses superorganismos sociais que os grupos de sociedade constituem, enquanto que a história estacionária — se é que verdadeiramente existe — seria a característica desse gênero de vida inferior que é o das sociedades solitárias". (p. 89).

 

Bibliografia de Apoio:

 
GOLDMAN, Marcio. Lévi-Strauss e os sentidos da História. Rev. Antropol.  v.42, n.1-2,  p. 223-238, 1999. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77011999000100012&script=sci_arttext  Acesso em 04 jun. 2010.

 
MENDONÇA, J. L.  Autor de "Raça e História" morre aos 100 anos. Jornal de Angola on line. 5 nov. 2009. Disponível em: http://jornaldeangola.sapo.ao/17/0/autor_de_raca_e_historia_morre_aos_100_anos. Acesso em 04 jun. 2010.