quarta-feira, 11 de março de 2015

III SEMINÁRIO MULHERES FAZENDO CIÊNCIA


Dilma sanciona lei que torna hediondo o crime de feminicídio

Em cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff sancionou, nesta segunda-feira (9), a lei que agrava pena de homicídios cometidos contra mulheres por motivo de discriminação de gênero ou violência doméstica.
 A chamada Lei do Feminicídio prevê penas que podem variar de 12 a 30 anos de prisão.
A lei foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (3) e inclui o crime de assassinato de mulheres por razões de gênero entre os tipos de homicídios qualificados. O texto também aumenta, de um terço até a metade, a pena se o crime acontecer durante a gestação ou nos três meses posterior ao parto.
Também são considerados agravantes o homicídio de mulheres menores de 14 anos ou acima de 60 anos, pessoa com deficiência ou se cometido na presença de descendente ou ascendente. A classificação como crime hediondo impede a fiança e dificulta a progressão de regime de condenados.
Em uma pesquisa realizada em 2013, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) constatou que o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios entre 2009 e 2011, o que indica uma taxa de 5,8 casos para cada 100 mil mulheres.
Segundo dados da Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM), 68% dos crimes desse tipo são cometidos dentro da residência das mulheres. Para Dilma, é preciso mudar o ditado popular “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. 
“Em briga de marido e mulher, nós achamos que se mete a colher, sim, principalmente se resultar em assassinato”, disse. “Meter a colher nesse caso não é invadir a privacidade, é garantir padrões morais, éticos e democráticos. E o estado brasileiro deve meter sim, a colher.

FELIZ DIA DA MULHER

 




1. Marie Curie:

Marie Curie (Varsóvia, 7 de Novembro de 1867 — Passy, Sallanches, 4 de Julho de 1934) foi uma cientista polonesa que exerceu a sua atividade profissional na França. Foi a primeira pessoa a ser laureada duas vezes com um Prêmio Nobel, de Física, em 1903 (dividido com seu marido, Pierre Curie, e Becquerel) pelas suas descobertas no campo da radioatividade (que naquela altura era ainda um fenômeno pouco conhecido) e com o Nobel de Química de 1911 pela descoberta dos elementos químicos rádio e polônio .

2. Jane Goodall:

É uma primatóloga, etóloga e antropóloga britânica.
Estudou a vida social e familiar dos chimpanzés (Pan troglodytes) em Gombe, Tanzânia, ao longo de 40 anos. Os seus estudos contribuíram para o avanço dos conhecimentos sobre a aprendizagem social, o raciocínio e a cultura dos chimpanzés selvagens. É mensageira da paz das Nações Unidas, fundou o Jane Goodall Institute e é afiliada ao grupo defensor dos animais Humane Society of the United States.O seu trabalho é reconhecido e já foi homenageada em muitas ocasiões com honrarias acadêmicas diversas e prêmios científicos.

3.Annie Jump Cannon:

Astrônoma estadunidense, foi a primeira mulher a receber o grau de doutor honoris causa da University of Oxford. Graduou-se na universidade de Wellesley (1884) onde aprendeu espectrometria. Depois estudou ciência, ensinou física e, com a morte do pai, voltou a estudar astronomia, desta vez em Radcliffe, onde se tornou expert no campo da fotografia. Por esse motivo viajou pela Europa e participou dos primeiros experimentos de raios X nos Estados Unidos (1896). Foi assistente de Edward Pickering, diretor do Harvard College Observatory (1897-1911), onde foi curadora de fotografias. Foi responsável pela descoberta fotográfica de 5 novas e 300 outras estrelas. Tornou-se conhecida por desenvolver um sistema de classificação de estrelas por seu espectro e compilar uma bibliografia de 200.000 referências sobre estrelas. Com Edward Pickering publicaram o The Henry Draper Catalogue original, um total de 9 volumes (1918-1924), onde catalogou mais de 225.300 estrelas, classificadas por seu espectro estelar, que ainda hoje é aceito como um padrão internacional. Esse catálogo, mais tarde, foi expandido por Cannon e Margaret W. Mayall (1949). Seu trabalho prolongou-se por mais de quarenta anos, durante os quais as mulheres foram ganhando espaço como cientistas. Morreu em Cambridge, Massachusetts, e além do pioneiro doutorado honorário em Oxford, também foi a primeira mulher diretora da American Astronomical Society, e a primeira mulher doutora em astronomia pela universidade de Gronigen, Holanda (1921). Foi eleita uma das doze mulheres vivas mais prestigiadas do planeta (1923) e ganhou o prêmio Draper da Nacional Academy Sciences, USA (1931).

4. Shirley Ann Jackson:

Doutora Shirley Ann Jackson, a primeira mulher negra a obter um doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts em Física Nuclear. Em 1995, ela foi indicada como presidente da Comissão Nuclear Regulatória e atualmente é Presidente do Instituto Politécnico Rensselaer. Ela é a presidente mais bem paga em faculdade privada dos EUA. Por que eles a pagam tanto? Aqui está uma citação do Instituto Politécnico Rensselaer: ‘Seus feitos falam por si mesmos. A presidente do Rensselaer, Shirley Ann Jackson, é uma líder extraordinária e levou o Instituto por uma longa década de transformação, com investimentos em estudantes, faculdades, pessoal, programas educacionais e melhorias no campus. Ela é uma visionária que possui liderança e habilidades organizacionais para conseguir que as coisas sejam feitas.’”

5.Hypátia

No longínquo ano de 355 (ou talvez 370, não existem certezas), nasceu na cidade de Alexandria a notável Hypatia. Filha de Téon, professor e último diretor da Biblioteca de Alexandria.
Hypatia acabou por exceder tudo e todos e tornar-se, na sua época, num dos nomes mais respeitados da matemática, astronomia e filosofia. Entre os seus feitos incluem-se o aperfeiçoamento do astrolábio – um instrumento que mil anos depois ajudaria os portugueses a conquistar o globo pelos mares –, assim como um conjunto de textos nos quais explica, com extraordinária simplicidade, algumas das grandes (e complexas) ideias científicas e filosóficas do classicismo helénico. Para esta mulher, o conhecimento devia ser acessível a todos.
Dotada de uma oratória capaz de provocar dor de cotovelo a Winston Churchill, tornou-se professora de muitos jovens oriundos de famílias abastadas.
Acusada em praça pública de ir contra os costumes morais daquilo que devia ser uma boa mulher temente a Deus, a cientista e filósofa foi igualmente acusada de ser uma bruxa, uma consequência infeliz de se ter profundos conhecimentos de astronomia e matemática numa época em que a ignorância grassava como se fosse a peste negra. Eis como acabou por tornar-se num alvo a abater pela turba dos fundamentalistas.
A tragédia é inevitável. Enquanto Hypatia circulava de carruagem pela cidade, uma milícia de fanáticos cristãos captura-a, arrastando-a pelo chão poeirento até uma das suas igrejas. No interior do santuário, a cientista é despida por mãos furiosas e cruelmente apedrejada até à morte. Insatisfeitos com a barbaridade, esfolam-na com lascas de vasos de cerâmica, arrancam-lhe os membros e lançam os seus pedaços a uma fogueira.

6. Irmã Mary Kenneth Keller:

A Irmã Mary Kenneth Keller foi a primeira mulher de nacionalidade norte-americana a ter um doutorado em Ciências da Computação, consentido em 1965 na Universidade de Wisconsin-Madison. A sua tese tinha como título “Inferência indutiva dos modelos gerados pelo computador”. Estudou também na Dartmouth College, trabalhando no centro de ciências de computação no Instituto - mesmo na época sendo reservado aos homens -, onde ajudou a desenvolver a linguagem BASIC. O Dartmouth College mudou as regras que baniam as mulheres do seu centro de computação, permitindo-lhes ajudar e desenvolver a linguagem BASIC. Antes disso apenas matemáticos e cientistas podiam escrever o custom software. O BASIC deixou o uso do computador acessível a uma faixa muito mais ampla da população. A Irmã Mary Keller queria fornecer o acesso à informática a qualquer um, não somente aos estudiosos de computador, e sonhava com um mundo no qual os computadores tornariam as pessoas mais inteligentes, ajudando-as também a pensar por si.

O feminino na ciência

Bob Sousa 


By Denio Maues in Edição 61, Teatro on fevereiro 28, 2015 
 
Peça de teatro sobre quatro cientistas (Hipácia de Alexandria, Rosalind Franklin, Marie Curie e Bertha Lutz) reflete sobre o espaço da mulher na ciência brasileira e mundial − Ser nota de rodapé na história foi, por muito tempo, o destino das mulheres cientistas, diz uma voz masculina, sem mostrar seu rosto, na peça teatral Insubmissas, do grupo paulista Arte Ciência no Palco. Ao ouvir a afirmação, uma das personagens, Rosalind, reage de maneira furiosa à voz: − Mulheres cientistas? Sou mulher e cientista. Mulher cientista parece atração de circo. Bertha, outra personagem da peça, complementa a frase de Rosalind, em alto e bom som: − Não somos uma espécie diferente de humanos. Os diálogos acima são ficcionais, mas as personagens retratam cientistas reais: a primeira é a física inglesa Rosalind Franklin (1920-1958), que realizou trabalhos empíricos com o DNA. A segunda é a bióloga brasileira Bertha Lutz (1894-1976), especialista na área de anfíbios e também referência na luta pelos
 direitos das mulheres.  

Além de Rosalind e Bertha, Insubmissas retrata também outras duas cientistas, Hipácia (ou Hipátia) de Alexandria (370-415 d.C.) e a franco-polonesa Marie Curie (1867-1934). Ao jogar luz sobre a participação dessas mulheres no desenvolvimento da ciência, a peça expõe um incômodo contraponto: a não rara contribuição masculina para dificultar ou mesmo impedir essa atuação. Esse foi um dos motivos que levaram o autor da peça, Oswaldo Mendes, a priorizar as personagens femininas e optar por uma estrutura surreal: a despeito das diferentes épocas e países em que viveram, as quatro cientistas estão reunidas em uma mesma sala e conversam em português. A “presença” dos homens se resume à citada voz e a uma pequena aparição de um empregado de Bertha Lutz. “Isso estava claro para mim, desde o início: não deveria ter presença masculina em cena”, conta Mendes, que, há cinco anos, recebeu o desafio de falar sobre as cientistas para as atrizes Adriana Dham, Monika Ploger, Selma Luchesi e Vera Kowalska, intérpretes, respectivamente, de Bertha Lutz, Rosalind Franklin, Marie Curie e Hipácia de Alexandria. Desde então, paralelamente às atividades de ator, diretor teatral e biógrafo – Mendes foi vencedor do Prêmio Jabuti, em 2010, por Bendito, maldito: uma biografia de Plínio Marcos (Editora Leya) –, dedicou-se à pesquisa sobre suas personagens, com a disciplina de sua formação de jornalista, profissão que exerceu nos jornais Folha de S. Paulo e Última Hora, entre outros veículos. Outras personagens da peça – como a mãe de Rosalind Franklin, a filha mais velha de Marie Curie e uma criada (fictícia) de Hipácia – são interpretadas por Letícia Olivares, atriz que completa o elenco de Insubmissas. O diretor da peça, Carlos Palma, concordou com a prioridade feita pelo dramaturgo em relação às personagens femininas – tanto que o empregado de Bertha Lutz, Esmeraldino, ao dialogar com a bióloga, é interpretado pelas demais atrizes. ,

Entre as personagens de Insubmissas, talvez a mais controversa seja Rosalind Franklin, que divide opiniões entre historiadores por não ter seu trabalho empírico feito com o DNA (difração de raio X de amostras cristalizadas) reconhecido pelos três pesquisadores vencedores do Nobel de Medicina em 1962, quatro anos após sua morte. O geneticista norte-americano James Watson, o neurocientista inglês Francis Crick (1916-2004) e o fisiologista neozelandês Maurice Wilkins (1916-2004) ganharam o Nobel pela descoberta da dupla hélice do DNA. A peça, no entanto, mostra uma Rosalind com opiniões ponderadas sobre o alcance de suas descobertas, embora não poupe críticas a Watson, hoje com 86 anos. “Pesquisas históricas apontam que, para Rosalind Franklin, o que importava no DNA era apenas sua estrutura. Por outro lado, Watson e Crick buscavam também a estrutura, mas desde que a mesma, simultaneamente, fosse compatível com a função genética da molécula. Estamos, então, diante de objetivos de investigação que, ainda que solidários, são diferentes. E, por conta disso, a mobilização para alcançar seus objetivos foi também diferente”, diz o filósofo Marcos Rodrigues da Silva, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e que atua na área de filosofia da ciência. Silva tratou da questão em 2010, no artigo “As controvérsias a respeito da participação de Rosalind Franklin na construção do modelo da dupla hélice”, publicado na revista Scientiae Studia, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).  

Além da contextualização da época vivida pelas quatro mulheres da peça, os personagens secundários ajudam a compor um painel que as humaniza e as aproxima do público. “É importante fazer a relação das ideias científicas com o mundo de hoje. Se não, a peça vai interessar a quem?”, pergunta-se Carlos Palma. Desta forma, a Marie Curie vista na peça não é apenas a pesquisadora incansável, vencedora de dois prêmios Nobel, um de Física, em 1903 (dividido com o marido, Pierre Curie, e Henri Becquerel) e outro de Química, em 1911, mas a viúva e mãe que enfrentou o preconceito da sociedade conservadora do início do século XX quando veio a público pela imprensa francesa, de maneira escandalosa, seu suposto romance com o também físico Paul Lanvegin, mais novo, casado e discípulo de Pierre Curie. Por sua vez, Bertha Lutz tem destacado seu pioneirismo no movimento feminista brasileiro. É a personagem de Letícia Olivares que revela à bióloga que seu nome batiza hoje o Prêmio Bertha Lutz, criado pelo Senado Federal em 2001 e concedido anualmente a mulheres, pesquisadoras ou não, com contribuição relevante às questões femininas e aos direitos humanos. A peça cita, entre as pesquisadoras já premiadas, a socióloga Heleieth Safiotti (1934-2010), professora da Unesp, Câmpus de Araraquara. A vida de Hipácia de Alexandria, apesar das pouquíssimas informações que chegaram da Antiguidade até nós, também garante emoção: pagã, filha do astrônomo e matemático Téon de Alexandria, estudou em Atenas e, ao retornar a sua cidade, ensinava as disciplinas do pai, além de física e filosofia. Ao que se sabe, por questões políticas, foi massacrada por um grupo de cristãos fanáticos e enfurecidos.

A pesquisadora hoje Pró-reitora de Pesquisa da Unesp, a bioquímica Maria José Soares Mendes Giannini acredita que “as mulheres têm sofrido ao longo dos anos preconceitos para ocupar espaços na ciência e o caminho foi extenso e doloroso. As conquistas científicas das mulheres, se comparadas às dos homens, são bem menores”. Maria José lamenta o fato de as pesquisas de Rosalind Franklin não terem o devido reconhecimento e ressalta que Marie Curie, apesar de ser a primeira pessoa a conquistar o Nobel duas vezes e em duas áreas diferentes, “por ser mulher, teve negada uma cadeira na Academia de Ciências da França”. Enquanto as mulheres conseguem, a passos não tão largos, seu espaço na ciência brasileira e mundial, o debate proposto pela peça Insubmissas mantém-se atual. “Além da capital paulista, onde esteve em temporada no Teatro de Arena, será levada para outras cidades do Estado e do país”, adianta o diretor Carlos Palma.

A peça “Insubmissas” permanece em cartaz até 29 de março, no Teatro de Arena (Rua Doutor Teodoro Baima, 98 – República), e prossegue sua temporada, em abril e maio, no teatro Ágora (Rua Rui Barbosa,672 – Bela Vista).