Escrever a história das mulheres brasileiras cientistas é reconhecer
que a participação feminina foi e é fundamental para o avanço do
conhecimento. Estas pioneiras abriram as portas: do saber e do poder. Do
saber, porque cada uma delas teve um importante papel para sua área de
conhecimento. Do poder, porque provaram que as mulheres não são só aptas
para a ciência quanto esta não pode prescindir de sua contribuição.
Esta é uma proposta inicial de visibilizar a história das mulheres
pesquisadoras. O CNPq agradece às pesquisadoras Hildete Pereira de Melo e
Ligia M. C. S. Rodrigues por terem disponibilizado os resultados de
suas pesquisas sobre as pioneiras nas ciências. Este trabalho foi
publicado primeiramente pela SBPC, em 2006, com o título: Pioneiras da
Ciência no Brasil e poderá ser acessado na íntegra aqui.
Desde que a professora Celina Guimarães Viana conseguiu seu registro
para votar, há 86 anos, a participação feminina no processo eleitoral
brasileiro se consolidou. Celina é apontada como sendo a primeira
eleitora do Brasil. Nascida no Rio Grande do Norte, ela requereu sua
inclusão no rol de eleitores do município de Mossoró-RN, onde nasceu e
viveu, em novembro de 1927.
Foi naquele ano que o Rio Grande do Norte colocou em vigor lei
eleitoral que determinava, em seu artigo 17, que no Estado poderiam
“votar e ser votados, sem distinção de sexos”, todos os cidadãos que
reunissem as condições exigidas pela lei. Com essa norma, mulheres das
cidades de Natal, Mossoró, Açari e Apodi alistaram-se como eleitoras em
1928.
Assim, o Rio Grande do Norte ingressou na História do Brasil como o
Estado pioneiro no reconhecimento do voto feminino. Também no Rio Grande
do Norte foi eleita a primeira prefeita do Brasil. Em 1929, Alzira
Soriano elegeu-se na cidade de Lages.
Somente em 3 de maio de 1933, na eleição para a Assembleia Nacional
Constituinte, que pela primeira vez a mulher brasileira pôde votar e ser
votada em âmbito nacional. Oitenta anos depois, elas passaram a ser
maioria no universo de eleitores do país.
Já em 2008 havia uma maioria feminina no universo de 130 milhões de
eleitores. Desses, 51,7% eram mulheres. Essa maioria vem se consolidando
ao longo dos anos. No pleito de 2010, elas somaram 51,82% dos 135
milhões de eleitores. Nas eleições de 2012, as mulheres representaram
51,9% dos 140 milhões de eleitores.
Marco inicial
O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do
voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que
não trazia qualquer impedimento ao exercício dos direitos políticos por
mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à
possibilidade desse exercício.
Foi somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18
anos, que as mulheres obtiveram o direito de votar, o que veio a se
concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação do
Código Eleitoral de 1932, que, além dessa e de outras grandes
conquistas, instituiu a Justiça Eleitoral, que passou a regulamentar as
eleições no país.
O artigo 2º do Código Eleitoral continha a seguinte redação: “É
eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem distinção de sexo, alistado na
forma deste Código”. A aprovação do Código de 1932 deu-se por meio do
Decreto nº 21.076, durante o Governo Provisório de Getúlio Vargas.
Somente dois anos depois, em 1934, quando da inauguração de um novo
Estado Democrático de Direito, por meio da segunda Constituição da
República, esses direitos políticos conferidos às mulheres foram
assentados em bases constitucionais. No entanto, a nova Constituição
restringiu a votação feminina às mulheres que exerciam função pública
remunerada.
O voto secreto garantia o livre exercício desse direito pelas
mulheres: elas não precisariam prestar contas sobre seu voto aos maridos
e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que
recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em
1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje.
O direito do voto foi finalmente ampliado a todas as mulheres na
Constituição de 1946 que, em seu artigo 131, considerava como eleitores
“os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na forma da lei”.
Em 1985, outra barreira foi superada em relação aos direitos
políticos das mulheres: o voto do analfabeto. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na década de 1980, 27,1%
das mulheres adultas eram analfabetas.
Postado em 23/02/2015 08:00
/ atualizado em 19/02/2015 17:39
Pouco espaço, machismo e falta de equidade são alguns dos desafios que as mulheres enfrentam para seguir a carreira acadêmica.
Graças a histórias em quadrinhos, filmes e seriados, o cientista está no
imaginário das pessoas como um homem excêntrico, descabelado, imerso em
cálculos incompreensíveis por nós, meros mortais. Tente, agora, buscar
na memória a imagem de uma mulher cientista. Difícil? Para pesquisadores
da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, isso se deve à
sub-representação feminina em áreas científicas — não apenas nas telas,
mas, principalmente, na vida real. O mote do estudo, publicado este mês
na revista científica Science, foi responder à pergunta: afinal, onde
estão essas mulheres?
De acordo com dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), hoje, no Brasil, há 63.349 doutores
bolsistas de mestrado do sexo masculino — 7.075 a mais que do sexo
feminino. A maioria delas concentra os estudos em áreas das ciências
humanas (10.856) e da saúde (10.088), enquanto eles dedicam-se às
ciências sociais aplicadas (7.236), exatas e da terra (6.258). A equipe
de psicólogos norte-americanos testou três hipóteses para a falta de
estrogênio nos laboratórios: a) mulheres tentariam evitar carreiras que
as obrigam a trabalhar muitas horas seguidas; b) mulheres seriam menos
capazes de entrar em campos altamente seletivos; e c) mulheres seriam
superadas por homens em carreiras que exigem raciocínio analítico e
sistemático. No estudo, os pesquisadores entrevistaram 1, 8 mil
estudantes de graduação, pós-doutorado e docentes de 30 disciplinas
diferentes. O objetivo principal foi analisar a cultura de diferentes
campos do conhecimento. Entre outras coisas, eles perguntaram quais
qualidades eram necessárias para que os participantes tivessem sucesso
em seus campos de atuação. As mulheres sentiam-se (e eram)
subrepresentadas em ambas as áreas: humanas e exatas. Historicamente
consideradas inferiores intelectualmente, mulheres que se interessam por
campos como física, engenharia, matemática e outras que "idolatram
gênios" costumam encontrar resistência. Ao fim do experimento, os
pesquisadores chegaram à mesma conclusão das que se aventuram no mundo
científico: há poucas mulheres na ciência porque a ciência não dá
espaço.
O estereótipo de que elas não têm as habilidades
intelectuais necessárias para encabeçar uma pesquisa científica, para os
estudiosos, ajuda a explicar a pouca representação delas na ciência.
"Não estamos afirmando que ser brilhante ou valorizar quem é brilhante é
uma coisa ruim", frisou Andrei Cimpian, um dos psicólogos envolvidos no
trabalho. "Também não estamos dizendo que mulheres não são brilhantes
ou que ser brilhante não é útil para a carreira acadêmica. O que nossos
dados sugerem é que transmitir aos alunos uma crença de que o ‘brilho’ é
necessário para o sucesso pode ter efeito diferenciado sobre homens e
mulheres que estão tentando seguir essa carreira."
Para Márcia
Cristina Barbosa, professora de física na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), pesquisadora do CNPq, membro da Academia
Brasileira de Ciências e doutora em física, antes de se pensar nas
diferenças entre homens e mulheres que explique a desproporção nas
ciências exatas, é preciso analisar se há equidade. Márcia explica que
na pesquisa em geral e, em particular, em exatas, a produção científica é
quantificada com base em algumas variáveis: número de artigos, de
citações, parâmetro h (número de artigos com até h citações) e de
estudantes formados. Em um mundo com igualdade homens e mulheres, esses
índices devem estar no mesmo nível. "Em física, descobrimos em 2005 que
esse não era o caso. As mulheres no nível 2 e no nível 1B (primeiros
níveis) tinham, em média, mais artigos do que os homens."
A
conclusão veio a partir de um levantamento feito pela professora para
avaliar a entrada e saída no sistema e para as alterações de nível em
bolsas de Produtividade em Pesquisa, oferecidas pelo CNPq. Entre os
dados, a pesquisadora descobriu que, de 2005 a 2010, os homens
produziram apenas um artigo a mais que as mulheres. "Pergunto, então, se
isso é equidade. Não, isso é igualdade e não há coisa mais injusta que
tratar profissionalmente com igualdade quem tem, no mundo privado,
tratamento desigual", argumenta. "As mulheres ainda são as responsáveis
por administrar o lar, os filhos e os velhos. Como poderíamos esperar
uma produção igual em condições desiguais?". O artigo "Mulheres
na física do Brasil: por que tão poucas? E por que tão devagar?", também
de autoria de Márcia, mostra que o percentual de mulheres na física é
pífio: menos de 15% estão entre os bolsistas do CNPq. Dessas, apenas 5%
ocupam o topo. Outra questão, então, vem à tona: por qual motivo seria
desejável ter mais mulheres nos postos de maior importância? Afinal, por
que a física precisa delas? "Não vou trazer questões como democracia ou
justiça. A física precisa de mulheres porque ciência precisa de
diversidade", resume a cientista. "Hoje, a ciência se faz em grandes
grupos, em grupos que precisam juntar o diferente para gerar o novo." Valorização
profissional, diferença de salários e/ou de tarefas não são questões
que incomodam as cientistas. O que atrapalha (ao menos na opinião das
pesquisadoras ouvidas nesta reportagem) é justamente a dificuldade em
alcançar o topo. Júlia Vasques, biomédica e pesquisadora do Laboratório
Sabin, foi vencedora da medalha de melhor trabalho científico da Annual
Meeting and Clinical Lab Expo 2013, evento promovido pela American
Association for Clinical Chemistry (AACC). Ela endossa a opinião de
Márcia Barbosa: há, sim, mulheres na ciência. O problema é onde elas
estão alocadas. "Percebo que a participação vem crescendo muito, mas, os
grandes chefes da produção científica, principalmente na área da saúde,
são homens."
Maternidade sob o microscópio Ascender
em uma carreira que exige constante estudo, produção e aulas
transforma-se em missão quase impossível quando também é preciso
administrar tarefas domésticas e, sobretudo, a maternidade. A ideia de
que ciência e família são duas retas paralelas é amplamente difundida
nos corredores da academia. "Escutei muito que mulher que estuda demais
não se casa", conta Júlia Vasques. "Existe também algum preconceito
quando a cientista está grávida ou quer engravidar. A ciência torna-se
incompatível em certos momentos da vida." A visão machista,
contudo, não a incomoda. Júlia ainda não se casou, mas não descarta a
possibilidade nem sente medo de deixar a carreira de lado por conta
disso. "Sempre senti que os meus parceiros tinham orgulho de mim. Ficava
feliz com a forma que falavam sobre mim para a família e amigos. Acho
que nenhum homem quer uma mulher medíocre." Inês Staciarini Batista,
física, pesquisadora sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) e doutora em ciências espaciais atmosféricas, já ouviu poucas e
boas entre um tubo de ensaio e outro. "Hoje, não enfrento mais problemas
dessa natureza, mas encaro como um desafio grande conciliar carreira,
filhos e casa." Ela tem três filhos e 40 anos dedicados à pesquisa e à
ciência.
Atualmente,
a pesquisadora confessa que não faz ideia de como conseguiu dar conta
de tudo. Competitividade, participação em congressos e produção de
artigos e pesquisas quando se tem filhos são alguns motivos que, para
ela, fazem com que muitas colegas retardem a carreira ou mesmo abortem o
desejo de serem cientistas. "Esse é um ponto mais complicado para nós,
mas nada que não possa ser compensado quando as crianças estiverem
maiores", pondera. A fórmula mágica, como sempre, é persistir. Na
visão de Inês, o que afasta as mulheres da carreira científica,
contudo, não são horários prolongados, a quantidade de artigos
científicos ou a obrigatoriedade de produzir tanto quanto os homens e
ser mãe ao mesmo tempo. O que falta é despertar o interesse delas para
esse mundo. "Falta oportunidade de ter contato, na escola, com o que
essas carreiras exigem da pessoa", opina. "Tornar a matemática atrativa
para meninas, por exemplo, seria um dos caminhos. Norma Teresinha
Oliveira Reis formou-se em pedagogia, mas resolveu enveredar por outros
caminhos após a graduação. Hoje, é mestra em Administração Espacial
pela International Space University. Passou três meses em estágio na
Agência Espacial Americana (Nasa). Ao longo de todo esse tempo, notou
que, em função do gênero, recebia "um tratamento mais condescendente".
"Os homens tendem a valorizar mulheres submissas em detrimento das mais
competitivas", analisa. "Aquelas que demonstram um perfil mais agressivo
são, de certa forma, discriminadas." Além da mentalidade machista que
ainda permeia a ciência, Norma acredita que a própria autoestima das
mulheres não trabalha a favor das que querem ser cientistas. "Em muitos
casos, elas não acreditam no próprio potencial e acabam se excluindo. Um
exemplo disso é que apenas cerca de 20% dos alunos de física são do
sexo feminino." A falta de políticas públicas efetivas voltadas
para o incentivo da mulher na ciência e mesmo ações compensatórias —
como bolsas de estudo e prêmios — também reforça esses números, na
opinião de Norma Reis. "O grau mais alto da pesquisa do CNPq tem apenas
3% de pesquisadoras de alto nível", argumenta. "O Estado deveria
oferecer creches, instituições para ajudá-las a fazerem ciência e ter
filhos ao mesmo tempo."
Entrevista // Christina Helena Barboza
Muito a conquistar Christina
Helena Barboza é doutora em história e pesquisadora titular da
Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências
Afins (Mast/MCTI)
Qual foi o papel feminino na história da ciência? Desde
a emergência da ciência moderna, no século 17, até a década de 1970
pelo menos, a verdade é que as mulheres desempenharam papel secundário.
Claro que há variações conforme as áreas do conhecimento e os países, e
podemos citar várias exceções, mas essa afirmação pode ser comprovada
por um dado significativo: a primeira vez que uma mulher foi admitida em
uma das mais antigas e prestigiosas instituições científicas, a
Academia de Ciências de Paris, foi em 1979! Quais mulheres mais se destacaram em campos científicos até hoje? Quais estão em destaque atualmente? A
resposta a essa pergunta sempre terá um cunho muito subjetivo, mas,
para muitos, a mulher que merece um destaque especial na história das
ciências é Marie Curie (1867-1934). No início do século 20 — portanto em
um contexto marcado ainda por muita discriminação —, ela conseguiu a
proeza de receber dois prêmios Nobel (o primeiro deles, em 1903, de
Física, com o marido Pierre e Henri Becquerel, pelas pesquisas em
radioatividade; e o segundo, em 1911, de Química, sozinha, pela
descoberta dos elementos rádio e polônio). Se tomarmos o Prêmio Nobel
como um indício de destaque na carreira científica, a grande maioria das
mulheres que se destacaram ao longo do século 20 não trabalharam em
física, química ou matemática, áreas ainda hoje dominadas pelos homens.
Aturam mas na área da medicina, como Gery Theresa Cori (1947), Barbara
MacClintock (1983), e Gertrude Elion (1988). Outras cientistas
frequentemente lembradas trabalharam em campos de menos prestígio no
mundo acadêmico, também mais abertos à participação feminina, como
Margaret Mead (antropologia), Jane Goodall (primatologia), Melanie Klein
(psicologia), e Rachel Carson (biologia e ecologia). Carreiras que exigem mais horas de trabalho, como a de um pesquisador, afastam as mulheres ou o próprio mercado as descrimina? A
carreira de pesquisador, na medida em que se progride, não exige apenas
o trabalho de pesquisa (e o de ensino, que quase sempre vem junto) em
si, mas um esforço de negociação com os pares e demais agentes sociais
em busca de apoio em diversas formas (recursos financeiros e humanos,
publicações). Isso implica participação em eventos, bancas, reuniões,
muitas viagens, e, sob esse ponto de vista, elas têm mais dificuldade de
acompanhar o ritmo dos homens. Quais são os principais problemas enfrentados por elas? São os mesmos colocados aos homens? Os
obstáculos são os mesmos, pelo menos na área de história (das
ciências). Acho que em outros campos do conhecimento, como a matemática,
as engenharias e as ciências exatas de um modo geral, as questões são
maiores, já que se deve acrescentar a discriminação de gênero, que ainda
acontece. E o que é pior, acontece de maneira velada. Recentemente,
conversei com uma astrônoma importante no cenário brasileiro, cujo nome
prefiro não citar, que relatou ter ouvido de um colega que a
bem-sucedida carreira dela no exterior tinha de ser atribuída aos
contatos conseguidos pelo marido, também cientista. O que falta para que elas tenham o mesmo reconhecimento no mundo científico? Investimento
maior na educação básica, que venha acompanhado de mudança na visão da
ciência. Enquanto prevalecer a ideia de que a ciência é atividade para
inteligências excepcionais e que o sucesso depende mais do talento
individual do que do esforço coletivo, será difícil avançar.
Artigo do pesquisador Carlos Morel (Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fala sobre os desafios da ciência e do desenvolvimento tecnológico no Brasil.
Em seu discurso, atriz falou sobre “equiparação salarial e
igualdade de direitos para as mulheres” e arrancou aplausos da plateia –
sobretudo, de Meryl Streep
Na noite deste domingo (22), Patricia Arquette, de 46 anos, venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela atuação em Boyhood (Richard
Linklater), confirmando as previsões. O que chamou a atenção foi seu
discurso de agradecimento: ao pedir igualdade de gênero, ela arrancou
aplausos da plateia e foi ovacionada por grandes nomes do cinema, como a
veterana Meryl Streep.
“É hora de atingirmos, de uma vez por todas, equiparação salarial e
igualdade de direitos para as mulheres nos Estados Unidos da América”,
disse, emocionada, no auge de sua fala. “Dedico [o prêmio] a todo cidadão que já lutou por igualdade de direitos, a todas as mulheres que já lutaram”, completou.
Em Boyhood, Arquette interpreta Olivia Evans, a mãe
divorciada do menino Mason Jr. (Ellar Coltrane). O filme, que levou onze
anos (de 2002 a 2013) para ser produzido, acompanha o desenvolvimento
do garoto desde a infância até o primeiro período da idade adulta,
quando ele ingressa na universidade. A atriz desbancou Keira Knightley (O Jogo da Imitação), Laura Dern (Livre), Emma Stone (Birdman) e a própria Meryl Streep (Caminhos da Floresta).
Nise
da Silveira nasceu em Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de 1905. Seu
pai, Faustino Magalhães, era professor e jornalista, diretor do Jornal
de Alagoas; a mãe, Lídia da Silveira, era pianista. Fez seus primeiros
estudos com as freiras do Colégio Santíssimo Sacramento, em Maceió. Em
1921, aos 16 anos, entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, e
concluiu o curso aos 21 anos, como única mulher entre os 157 homens da
turma de 1926. Sua tese de doutoramento foi: Ensaio sobre a
criminalidade da mulher no Brasil. Foi uma das primeiras mulheres no
Brasil a se formar em Medicina. Casou-se com o sanitarista Mário
Magalhães da Silveira, seu colega de turma na faculdade, com quem viveu
até ele falecer, em 1986. Em 1927, após o falecimento do seu pai,
Nise e Mário mudam-se para o Rio de Janeiro, onde ela passou a
frequentar os meios artístico, político e literário. Em 1933, estagiou
na clínica neurológica de Antônio Austregésilo.No mesmo ano foi aprovada
num concurso para psiquiatra do Hospital da Praia Vermelha, no Serviço
de Assistência à Psicopatas e Profilaxia Mental. Durante a Intentona
Comunista, foi denunciada por possuir livros marxistas e ter ligações
com membros do partido comunista. Em 1936, foi levada para o presídio da
rua Frei Caneca, onde ficou detida por 16 meses. Foi companheira de
cela de Olga Benário, esposa do líder Luiz Carlos Prestes, e tornou-se
uma das personagens do livro Memórias do Cárcere, do escritor alagoano
Graciliano Ramos, que também estava preso lá. De 1937 a 1944, permaneceu
com seu marido na semi-clandestinidade, afastada do serviço público por
razões políticas, época que o Brasil vivia sob o domínio da ditadura
Vargas. Durante seu afastamento fez uma profunda leitura reflexiva das
obras do filósofo Spinoza, material publicado em seu livro Cartas à
Spinoza, em 1995. Em 1946, foi anistiada e reintegrada ao serviço
público, dando inicio ao seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional
Pedro II, no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, onde retomou sua luta
contra as técnicas psiquiátricas que considerava agressivas aos
pacientes, como eletrochoques, coma insulínico e lobotomia.Por sua
discordância com os métodos adotados nas enfermarias, Nise da Silveira
foi transferida para o trabalho com terapia ocupacional, atividade então
menosprezada pelos médicos. Assim, em 1946, fundou nesta instituição a
"Seção de Terapêutica Ocupacional". No lugar das tradicionais tarefas de
limpeza e manutenção que os pacientes exerciam sob o título de terapia
ocupacional, ela criou ateliês de pintura e modelagem com a intenção de
possibilitar aos doentes reatar seus vínculos com a realidade através da
expressão simbólica e da criatividade, revolucionando a Psiquiatria
então praticada no país. Em 1952, fundou o Museu de Imagens do
Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa
destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de
modelagem, pintura, escultura e carpinteria que criou na instituição,
valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma
compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.Entre
outros artistas-pacientes que criaram obras incorporadas na coleção
desta instituição, que conta com cerca de 300 mil exemplares, podemos
citar: Adelina Gomes; Carlos Pertuis; Emygdio de Barros, Fernando Diniz,
Rafael Domingos, Octávio Inácio e Arthur Bispo do Rosário.Este valioso
acervo alimentou a escrita de seu livro "Imagens do Inconsciente",
filmes e exposições significativas, como a "Mostra Brasil 500
anos".Entre 1983 e 1985, o cineasta Leon Hirszman realizou o filme
"Imagens do Inconsciente", trilogia mostrando obras realizadas pelos
internos em Engenho de Dentro, a partir de um roteiro criado por Nise da
Silveira. Poucos anos depois da fundação do museu, em 1956, Nise
desenvolveu outro projeto também revolucionário para a época: criou a
Casa das Palmeiras, uma clínica voltada à reabilitação de antigos
pacientes de instituições psiquiátricas, onde eles podiam expressar sua
criatividade, sendo tratados como pacientes externos numa etapa
intermediária entre a rotina hospitalar e sua reintegração à vida em
sociedade. Ao perceber que a responsabilidade de cuidar de um animal e o
desenvolvimento de laços afetivos podia contribuir para a reabilitação
de doentes mentais, Nise da Silveira os incorporou a seu trabalho, e
costumava chamar os animais de co-terapeutas. Ela comprovou que a
afetividade não é anulada pelo problema psiquiátrico, e descreveu parte
deste processo em seu livro "Gatos, A Emoção de Lidar", publicado em
1998,quando já tinha a idade de 93 anos. Os estudos do psiquiatra
suiço Carl Jung sobre os mandalas, atraíram a atenção de Nise da
Silveira para suas teorias sobre o inconsciente. Notando serem mandalas
temas recorrentes nas pinturas de seus pacientes, passou a manter
correspondência sobre o tema com Jung a partir de 1954 . Foi
estimulada pelo mestre a apresentar uma mostra das obras de seus
pacientes, que recebeu o nome "A Arte e a Esquizofrenia", ocupando cinco
salas no "II Congresso Internacional de Psiquiatria", realizado em
1957, em Zurique. Nise da Silveira estudou no "Instituto Carl Gustav
Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e de 1961 a 1962. Lá recebeu
supervisão em psicanálise da assistente de Jung, Marie-Louise von
Franz.Retornando ao Brasil após seu primeiro período de estudos
jungianos, formou em sua residência o "Grupo de Estudos Carl Jung", que
presidiu até 1968.Escreveu, dentre outros, o livro "Jung: vida e obra",
publicado em primeira edição em 1968. Foi membro fundadora da
Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica ("Societé
Internationale de Psychopathologie de l'Expression"), sediada em
Paris.Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo
psiquiátrico através das imagens do inconsciente deram origem a
diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos,
simpósios, publicações e conferências. Em reconhecimento a seu
trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e
prêmios em diferentes áreas do conhecimento., entre outras: "Ordem do
Rio Branco" no Grau de Oficial, pelo Ministério das Relações Exteriores
(1987); “ O título de doutora honoris causa da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ)” em 1988;"Prêmio Personalidade do Ano de 1992", da
Associação Brasileira de Críticos de Arte;"Medalha Chico Mendes", do
grupo Tortura Nunca Mais (1993)"Ordem Nacional do Mérito Educativo",
pelo Ministério da Educação e do Desporto (1993). Seu trabalho e
idéias inspiraram a criação de museus, centros culturais e instituições
terapêuticas em diversos estados do Brasil e no exterior, como:
• o "Museu Bispo do Rosário", da Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro) • o "Centro de Estudos Nise da Silveira" (Juiz de Fora,Minas Gerais) • o "Espaço Nise da Silveira" do Núcleo de Atenção Psico-Social (Recife) • o "Núcleo de Atividades Expressivas Nise da Silveira", do Hospital Psiquiátrico São Pedro (Porto Alegre-RS) • a "Associação de Convivência, Estudo e Pesquisa Nise da Silveira" (Salvador -Ba,) • o "Centro de Estudos Imagens do Inconsciente", da Universidade do Porto (Portugal) • a "Association Nise da Silveira - Images de L'Inconscient" (Paris- França) • o "Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli" (Genova-Itália) Obras publicadas: • Jung: vida e obra, Rio de Janeiro: José Álvaro Ed. 1968. • Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Alhambra, 1981. • Casa das Palmeiras. A emoção de lidar. Uma experiência em psiquiatria. Rio de Janeiro: Alhambra. 1986. • O mundo das imagens. São Paulo: Ática, 1992. • Nise da Silveira. Brasil, COGEAE/PUC-SP 1992. • Cartas a Spinoza. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1995. • Gatos, A Emoção de Lidar. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial, 1998.
Nise da Silveira faleceu devido a insuficiência respiratória, em 30 de outubro de 1999, no Rio de janeiro, aos 94 anos.
A Fundação Biblioteca Nacional possui raridades guardadas, muitas disponíveis online, outras podem ser consultadas na própria FBN. Saiba mais:http://bit.ly/16A2j45
Motivar as crianças e jovens para que tenham interesse em ciência é um grande desafio para o Brasil. Identificar, encorajar e estimular os jovens talentosos
são formas de contribuir para o crescimento de nossa sociedade, pois o
desenvolvimento do país hoje e no futuro depende de termos bons
cientistas e bons professores das diversas áreas das Ciências em todos
os níveis, desde o ensino fundamental até o pós-doutorado.
Os países desenvolvidos estão tendo suas populações diminuídas, daí o grande investimento nas mulheres como fonte de cérebros e o estímulo por sua inclusão nas universidades e nas diversas áreas da ciência e tecnologia.
Especialistas sugerem que quando tivermos mais mulheres em posições decisórias com relação a ciência e tecnologia, teremos diferentes prioridades nas pesquisas e o desenvolvimento de diferentes tipos de tecnologia. E para implementar o empoderamento das mulheres e jovens, a ferramenta mais eficiente é o conhecimento.
“Meninas não se interessam por ciência” ou “tecnologia é para meninos”.
Esses são alguns dos pré-conceitos apontados como extremamente
prejudiciais ao desenvolvimento das mulheres nas ciências. Expectativas
baixas levam a performances baixas. O preconceito pode levar os
profissionais da educação a alcançarem os resultados esperados, ou seja,
maus resultados.
Menos conhecida do
público, a atuação no ensino de ciências da única mulher a ganhar dois
prêmios Nobel merece ser lembrada. O destaque vai para a ênfase dada por
ela à experimentação e para a cooperativa que criou para despertar
vocações.
Marie Curie foi a primeira mulher a participar do corpo docente da
Sorbonne e, segundo consta dos relatos de suas ex-alunas, inovou no
ensino de física ao ampliar o tempo de suas aulas, produzir seu próprio
material de ensino, levar suas alunas para conhecer laboratórios de
pesquisa e pô-las em contato direto com equipamentos e experimentos – atividade antes restrita aos rapazes."
O CBBD tem como objetivo discutir o estado da arte da
Biblioteconomia e da Ciência da Informação e integrar os profissionais
das bibliotecas brasileiras de todas as tipologias: escolar, pública,
comunitária, universitária e especializada.
Neste sentido, alinhado à plataforma da presente gestão “Advocacy para o fortalecimento das bibliotecas brasileiras”
e visando articular e aproximar os profissionais da Biblioteconomia e
Ciência da Informação – os da linha de frente das bibliotecas e centros
de informação e os acadêmicos e pesquisadores - propomos um tema amplo e representativo: “Biblioteconomia, Ciência e Profissão”.
Entendemos que todos construímos a Biblioteconomia diariamente, cada um
na sua especialidade, e queremos criar neste evento um espaço de
integração e reflexão. O tema geral do evento é o mote para convidarmos
todos a refletir e oferecer sua colaboração individual para o
fortalecimento da nossa área. Acreditando que juntos somos mais fortes e
poderemos conquistar os espaços que sonhamos, e continuar consolidando
o trabalho já realizado. Queremos ampliar as ações para que nosso país
tenha de fato um Sistema de Bibliotecas com plena capacidade para
atender às necessidades de nossas comunidades e fomentar novas demandas.
Sabemos que em alguns espaços do território nacional a missão de uma
biblioteca é mal conhecida e, também por isso, exaltamos a profissão e
recorremos à Ciência como suporte aos projetos consolidados, ou em fase
de desenvolvimento.
Nosso convite é para que, independentemente do segmento de atuação
de cada um, tenhamos um olhar mais abrangente para a área de
Biblioteconomia, como resposta às dificuldades específicas de nossas
bibliotecas. Os avanços esperados nas bibliotecas públicas e escolares,
devem ser bandeiras de todos os profissionais, professores, alunos,
pesquisadores e cientistas da informação.
Para proporcionar as discussões, o evento terá a seguinte estrutura:
Conferências: Autoridades no
assunto serão convidadas para apresentarem o tema de sua especialidade,
que deverá versar sobre tendência ou inovação na área.
Mesa Redonda: Reunião de pesquisadores ou profissionais para apresentarem e debaterem um tema a partir de distintas visões.
Conversando sobre: Discussão
sobre tema específico, de modo informal, com profissionais
especializados. Deverá trazer uma prática exitosa para suscitar a
discussão e troca de experiências entre os conversadores.
Posteres digitais: apresentações
em forma de painéis digitais, expostos em computadores, com a presença
do(s) autor(es) para conversar(em) com os interessados em horários
específicos.
Palestras: especialistas brasileiros e estrangeiros que falarão sobre temas emergentes da área.
Eventos paralelos: II Fórum das Bibliotecas Escolares e IV Fórum Brasileiro de Bibliotecas Públicas
O espaço “Conversando sobre...” é uma inovação desta edição.
Trata-se de atividade na qual dois especialistas em determinado assunto
apresentarão suas práticas profissionais com o intuito de provocar uma
discussão ampla com os participantes. O objetivo é criar um ambiente
propício ao diálogo entre apresentadores e assistentes, que permita a
troca e compartilhamento de experiências bem sucedidas na área.
O IV Seminário Enlaçando Sexualidades, evento
acadêmico, organizado e promovido pela Universidade do Estado da Bahia
(UNEB), bem como pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP/BA), por
meio do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural e do Doutorado
Multiinstitucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento (UFBA,
UNEB, UEFS, LNCC, SENAI – CIMATEC, IFBA), sob a coordenação geral do
Grupo de Pesquisa Enlace e do GEDEM (Grupo de Atuação em Defesa das
Mulheres), será realizado de 27 a 29 de maio de 2015 na cidade de
Salvador.
O IV Enlaçando Sexualidades, em 2015, terá seu foco central em temas
que sugerem tensões, regras, normas, rupturas, emoções e biopoderes,
tanto pelas interações face a face, quanto pelas relações
institucionais. O evento pretende discutir e promover deslocamento em
algumas das mais significativas experiências dos sujeitos
contemporâneos, bem como em algumas das mais sapientes estratégias
institucionais, quais sejam as moralidades, as famílias e a fecundidade.
O Seminário Enlaçando Sexualidades teve sua primeira edição em 2009 e
procurou se estruturar não somente como um veículo de difusão de
saberes científicos interdisciplinares sobre a temática das sexualidades
e relações de gênero, mas também como um território da construção de
saberes que dialoga com os gestores/as públicos, com os membros dos
movimentos sociais e com os/as professores/as da Educação Básica.
Confira
esta oportunidade promovida pela COC/Fiocruz: abertas até 20 de fevereiro de
2015 as inscrições para o curso de especialização em Preservação e
Gestão do Patrimônio Cultural das Ciências e da Saúde. Saiba como
aproveitá-la! http://bit.ly/1vd7r2z
Que as
mulheres são a maioria dos trabalhadores na Fiocruz, isso é indiscutível. Elas
representam 51,6% da força de trabalho da Fundação. Ao todo, 6.359 mulheres
entre servidoras e terceirizadas. Desse total, 2.745 possuem especialização em
nível médio ou nível superior, mestrado ou doutorado, segundo os números de
junho/2014 fornecidos pela Diretoria da Recursos Humanos da Fiocruz. Mas, em
sendo uma instituição voltada também para a pesquisa, qual tem sido o papel
delas na Fundação?
Para
responder a essa pergunta, a pesquisadora Jeorgina Gentil, aluna de doutorado
do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde
(PPGICS/Icict) e servidora do Icict, realizou uma pesquisa detalhada para a sua
tese – “Gênero, Ciência & Tecnologia e Saúde: apontamentos sobre a
participação feminina na pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz”, defendida em
fevereiro desse ano.
Em seu
trabalho, Jeorgina optou pelo estudo de gênero. “Foi um exercício em que
ofereço neste estudo ‘meu olhar estrangeiro’ sobre o tema. Desde Marie Curie,
os estudos de gênero privilegiam figuras ímpares, as exceções à regra de sua
época, e não necessariamente o esforço de um conjunto de pesquisadoras no
desenvolvimento científico nacional”, explica.
A pesquisa
cobriu o período de 1996 a 2013 e aponta alguns resultados muito interessantes.
Dados mostram que, em maio de 2012, havia na Fiocruz um total de 1.064
servidores com titulação de doutorado, sendo 654 (61,5%) mulheres e 410 (38,5%)
homens. A produção bibliográfica das mulheres no período estudado foi de 345
artigos e a dos homens ficou em 225, apesar disso, a média de artigos
publicados pelas mulheres (12,6 artigos/mulher) é inferior a dos homens – 19,2
artigos/homem.
As
informações foram levantadas em consulta ao Portal Transparência, do Governo
Federal, e permitiu identificar o total de servidores que entraram por concurso
público e que, no momento do estudo, possuíam titulação de doutorado. Ao todo
foram 571 servidores, sendo 346 (60,6%) mulheres e 225 (39,4%) homens.
Partindo
desses dados, Jeorgina Gentil buscou na Plataforma Lattes os currículos
cadastrados de cada um desses servidores, por meio de uma base de dados
especialmente desenhada para recebê-los. Em seguida, o total de referências foi
migrado e tratado no software de mineração de dados VantagePoint, o
que permitiu análises quantitativas da produção acadêmica e técnica, das
orientações, do acesso às bolsas de produtividade e de prêmios. “Em paralelo,
uma segunda perspectiva de análise documental foi realizada com vistas a mapear
a participação feminina em postos de tomada de decisão na Fiocruz”, explica a
ex-aluna do PPGICS.
O estudo
realizado reafirma mais uma vez a crescente importância da participação
feminina na Ciência. Segundo os dados de 2012 divulgados pela Academia
Brasileira de Ciências, no Brasil cerca de 12,45% dos cientistas são mulheres,
tornando o país o quinto no mundo em participação feminina na ciência, ficando
atrás apenas de Cuba (28%), México (23%), Canadá (14%) e Costa Rica (12,5%), e
à frente dos Estados Unidos (11%) e da Inglaterra (5%).
Apesar da
jornada tripla (trabalho doméstico, estudos e emprego), que cria obstáculos à
mulher para que ela possa ter uma dedicação maior à carreira, os números
encontrados na Fiocruz são otimistas, conforme explica Jeorgina Gentil: “no que
diz respeito aos indicadores gerados internamente, observou-se que as mulheres
são majoritárias na liderança dos grupos de pesquisa e dos projetos fomentados
internamente”, afirma.
A
despeito do dado positivo, a pesquisadora pondera: “apesar de as evidências
apontarem que as servidoras doutoras da Fiocruz têm participado cada vez mais
das atividades de Ciência e Tecnologia nacionais, elas ainda não avançaram nos
cargos de alta direção da Fiocruz.” Segundo ela, “é possível constatar a
segregação vertical, fenômeno conhecido na literatura como ‘teto de vidro’, que
caracteriza-se pela menor velocidade com que as mulheres ascendem na carreira e
que resulta em sua subrrepresentação nos níveis ocupacionais mais altos e de
maior prestígio.” Mesmo assim, Jeorgina observa que “nas instâncias
propositivas internas da Fiocruz, as mulheres vêm ganhando espaço”, e cita o
exemplo do Coletivo de Dirigentes – espaço institucional constituído por
funcionários que detém cargos de direção e assessoramento superior – “onde
aparece um número crescente de mulheres em postos–chave na Instituição.”
Para
aumentar a participação da mulher, Jeorgina Gentil propõe algumas ações
positivas: “a presença da Fundação nos programas de inclusão da mulher é uma
realidade institucional. Mas, para um maior reconhecimento da mulher na
Fiocruz são necessárias ações como conceder licença à gestante bolsista nas
diferentes fases de formação científica, e garantir creches abertas também aos
demais vínculos”, conclui.